La Niña continuará ativa no verão, mas seu fim está próximo!

A La Niña está ganhando força mais uma vez sobre o Pacífico Tropical e estamos caminhando para o 3º verão consecutivo sob influência da fase negativa do El Niño Oscilação Sul. Porém, os dias de La Niña estão contados!

La Niña 2022
As anomalias negativas de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) que caracterizam a La Niña sobre o Pacífico Tropical ganharam força nas últimas semanas. Imagem: NNVL/ NOAA.

Estamos a apenas duas semanas do início do verão meteorológico - que começa no dia 1º de dezembro - e é quase certo que esse será o terceiro verão consecutivo marcado pela presença da La Niña - fase negativa do padrão climático El Niño Oscilação Sul (ENOS) - no Pacífico Tropical!

Esse será o 3º verão consecutivo de La Niña, situação registrada apenas duas outras vezes na história dos registros, em 1973-76 e 1998-2001!

A última atualização divulgada na quinta-feira (10) pelo Centro de Previsão Climática (CPC) da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, indica que as anomalias frias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) - que caracterizam a La Niña - se intensificaram no último mês de outubro, registrando valores próximos a -1ºC em todas as regiões do Niño, incluindo a região do Niño 3.4. Isso coloca o atual evento dentro do limiar de uma La Niña de intensidade moderada.

De acordo com o boletim do CPC/NOAA há 76% de chance desse evento de La Niña durar nos meses de verão austral (dezembro de 2022, janeiro e fevereiro de 2023), com uma provável transição para a fase neutra do ENOS durante os meses de fevereiro a abril de 2023. Além disso, a maioria dos modelos indica que o pico de intensidade máxima da La Niña está próximo, podendo ocorrer entre os meses de novembro e dezembro!

Durante a primavera a La Niña, apesar de ativa, não foi o padrão dominante. Tivemos a influência de outros padrões como a Oscilação Antártica, os padrões oceânicos e atmosféricos sobre o Atlântico, além da fase negativa do Dipolo do Oceano Índico, que exerceu influência sobre o regime de chuvas no Brasil e Austrália.

Porém, a partir de agora com o enfraquecimento do Dipolo do Oceano Índico e fortalecimento das condições oceânicas e atmosféricas associadas a La Niña no Pacífico, podemos esperar uma maior influência da La Niña no verão. Inclusive muitos modelos, como o modelo ECMWF, já apontam para um regime de chuvas sobre o Brasil nas próximas semanas que condiz com o padrão esperado de La Niña: chuvas abaixo da média sobre o Centro-Sul do Brasil e acima da média sobre o Centro-Norte.

Possível retorno do El Niño em 2023!

A fase negativa do ENOS durante o verão de 2022/23 é quase certa, mas o que virá depois disso? Muitas especulações já têm sido feitas pelos pesquisadores da área de variabilidade climática e alguns modelos climáticos com longos horizontes de previsão já estão sinalizando uma mudança de padrão no próximo ano!

Muito provavelmente - 57% de chance de acordo com o CPC/NOAA - entraremos em uma fase neutra do ENOS entre o final do verão e início do outono em 2023. Apesar do inverno de 2023 ainda estar distante, os modelos sinalizam uma maior probabilidade de ocorrência de El Niño do que de La Niña! Mas calma, isso ainda não é uma previsão de El Niño para 2023, afinal a maior probabilidade para o inverno de 2023 continua sendo de condições neutras.

Entretanto, o aumento da probabilidade de El Niño em 2023, superando a probabilidade de La Niña, indica uma possível mudança de padrão e quebra desse ciclo de La Niñas consecutivas, já que a última vez que houve uma probabilidade maior de El Niño do que La Niña nessas previsões de longo prazo foi em dezembro de 2019, de acordo com o CPC/NOAA.