La Niña está atrasado? De acordo com novas previsões, o fenômeno esta cada vez mais longe neste ano
Os modelos climáticos estão cada vez mais incertos sobre a chegada da La Niña! Ainda existem incertezas, mas agora o início da La Niña parece ser mais provável nos meses de primavera austral de 2024!
Ao contrário do que indicavam muitos prognósticos dos meses anteriores, em pleno mês de julho ainda estamos registrando condições neutras do El Niño - Oscilação Sul (ENOS) no Pacifico Equatorial, ou seja, sem sinais de El Niño (fase positiva do ENOS) ou La Niña (fase negativa do ENOS).
O valor semanal mais recente de anomalia da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) do índice da região do Niño 3.4, região de monitoramento oficial do ENOS, foi de +0.3°C, valor que está dentro do intervalo considerado neutro do ENOS (entre -0.5°C e +0.5°C). A porção mais oeste do Pacífico Equatorial ainda apresenta resquícios do El Niño, com anomalias ligeiramente acima de +0.5°C na região do Niño 4, enquanto a porção mais a leste registra anomalias ligeiramente negativas, de -0,1°C nas regiões do Niño 3 e Niño 1 +2.
Em relação ao comportamento atmosférico, a convecção tropical, os ventos em baixos e altos níveis sobre o Pacífico Equatorial também estiveram próximos à normalidade nas últimas semanas. Portanto, todo o sistema acoplado oceano-atmosfera está apresentando condições neutras do ENOS no momento.
Durante a fase final do El Niño de 2023-24, em meados de abril, os modelos climáticos passaram a indicar uma rápida transição para La Niña que, de acordo com prognósticos oficiais daquela época, poderia se desenvolver entre os meses de junho e agosto. Porém, com o passar dos meses os modelos passaram a ficar menos otimistas em relação a La Niña e começaram a adiar sua chegada. Mas por quais motivos?
Por que as previsões erraram a data de chegada da La Niña?
Ao analisarmos a evolução das anomalias de TSM no Pacífico Equatorial dos últimos meses, desde janeiro havia uma tendência de resfriamento das TSM na região do Niño 3.4, tendência que se mostrou bem acentuada nos meses de março e abril. Essa rápida taxa de resfriamento das TSMs foi um dos motivos para imaginarmos que a La Niña poderia se desenvolver rapidamente, caso esse rápido e intenso resfriamento se mantivesse.
Porém, a taxa de resfriamento de TSM reduziu significantemente a partir de maio, inclusive entre junho e julho partes do Pacífico Equatorial voltaram a registrar um ligeiro aumento das TSMs, o que prova que realmente aquela taxa de resfriamento antes vista já não existe mais.
A possível justificativa está logo abaixo da superfície do Pacífico Equatorial, onde nos primeiros meses deste ano uma intensa bolha de águas mais frias que o normal começou a se intensificar na região oeste e se deslocou para o leste do Pacífico Equatorial, se misturando com a água mais quentes da superfície, gerando o rápido resfriamento das TSMs. Porém, a partir de maio essas águas mais frias em subsuperfície perderam força, diminuindo a taxa de resfriamento na camada mais superficial do Pacifico Equatorial.
Ao enxergarem essa mudança em subsuperfície, os modelos climáticos passaram a adiar a chegada da La Nina em suas projeções e inclusive passaram a prever uma La Niña menos intensa,projetando que o próximo evento chegaria, no máximo, a categoria de intensidade moderada.
Quando a La Niña vai chegar, afinal?
De acordo com a última atualização de prognóstico do ENOS feito pelo Climate Prediction Center (CPC) da NOAA, espera-se que as condições neutras continuem nos próximos meses, com La Niña favorecida para surgir entre os meses de agosto e outubro (70% de probabilidade), persistindo durante o verão do Hemisfério Sul de 2024-25 (79% de probabilidade durante novembro-janeiro).
Outras agências internacionais apostam em um início mais tardio da La Niña. A Bureau of Meteorology, da Austrália, diz que se a La Niña se desenvolver, provavelmente seu início ocorrerá entre os meses de setembro e outubro, ou seja, em meados da primavera. Já a agência PAGASA, das Filipinas, espera que a La Niña se confirme entre os meses de outubro e dezembro, durando até o primeiro trimestre de 2025.
Entretanto, é importante salientar que as previsões e projeções ainda apresentam muitas incertezas, pois ainda há uma grande discordância entre os modelos climáticos, o que torna difícil confirmarmos uma data de início de La Niña. Por esse motivo a equipe da Meteored Brasil seguirá atenta nas próximas semanas às atualizações dos modelos, trazendo todas as novas análises e projeções!