Mais um recorde climático! Fevereiro de 2024 foi o mais quente já registrado em todo o mundo!

Fevereiro de 2024 foi o mais quente da história e o 9º recorde mensal consecutivo! Boletim da Copernicus detalha as regiões mais afetadas pelo calor extremo no último mês.

Anomalia de temperatura
Anomalias médias diárias da temperatura do ar na superfície (°C) em relação aos valores estimados para 1850-1900 plotados como séries temporais para cada ano de 1 de janeiro de 1940 a 3 de março de 2024. Fonte: Copernicus/ECMWF.

Os últimos três meses foram os mais quentes já registrados e, com fevereiro, são nove recordes mensais consecutivos provocados pela mudança climática e o fenômeno El Niño. O último boletim climático mensal publicado pelo Serviço Copernicus para as Alterações climáticas confirmou que o último mês foi o fevereiro mais quente já registrado a nível mundial.

A temperatura média do ar à superfície foi de 13,54°C, cerca de 0,81°C acima da média de fevereiro de 1991 a 2020 e 0,12°C acima da temperatura do mês de fevereiro mais quente anterior, em 2016.

O mês foi 1,77°C mais quente do que a estimativa da média de fevereiro para 1850-1990, o período de referência pré-industrial designado. Além disso, nos últimos doze meses, entre março de 2023 e fevereiro de 2024, esta foi a maior temperatura média global já registrada, 0,68°C acima da média de 1991-2020 e 1,56°C acima da média pré-industrial de 1850-1900.

Percentil de Temperatura de Superfície do Mar (TSM) no mês de fevereiro de 2024. Fonte: Copernicus.

Mesmo com o enfraquecimento do fenômeno El Niño no Pacífico equatorial e caminhando para a neutralidade, as temperaturas do ar sobre o oceano em geral permaneceram em um nível elevado. A temperatura de superfície do mar é utilizada como um diagnóstico padrão para o monitoramento climático, e nos fornece uma perspectiva da situação atual das temperaturas globais. No final do mês a média diária de TSM atingiu um novo máximo absoluto de 21,09°C.

O El Niño está saindo de cena mas ainda continua influenciando o clima global

Temperaturas elevadas foram registradas em todo o planeta, da América do Norte ao Vietnã, passando por Marrocos e pela maior parte da América do Sul. Mas a Europa foi o grande destaque, pois teve um inverno excepcionalmente quente com temperaturas 3,3°C acima da média de 1991-2020, e com um cenário ainda mais extremo na Europa Central e no leste do continente. E por outro lado, na América do Sul, o sudeste do Brasil apresentou condições úmidas acima da média no mês de fevereiro, associadas à atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul.

A extensão do gelo marinho do Ártico ficou 2% abaixo da média, não tão baixa como nos anos mais recentes. Porém, a extensão de fevereiro de 2024 está bem abaixo dos valores observados nas décadas de 1980 e 1990. As concentrações de gelo marinho estiveram marcadamente abaixo da média ao norte do Mar de Barents, mas permaneceram acima da média no Mar da Groenlândia, uma característica persistente desde o mês de outubro.

E o gelo marinho da Antártica atingiu a sua extensão mensal mínima atual, a terceira mais baixa no registro de dados de satélite, 28% abaixo da média, mas não muito longe do mínimo histórico de fevereiro do ano passado.

De acordo com Carlo Buontempo, diretor do serviço de alterações climáticas Copernicus, o mês de fevereiro se junta à longa série de recordes dos últimos meses. Por mais notável que isto possa parecer, não é realmente surpreendente, uma vez que o aquecimento contínuo do sistema climático leva inevitavelmente a novos extremos de temperatura.

ENSO
Probabilidade para o índice de temperatura da superfície do mar. Fonte: NOAA/CPC

Ainda estamos sob efeito do fenômeno El Niño, mas as últimas atualizações indicam o enfraquecimento do sistema em comparação com o mês de dezembro, em que atingiu o seu pico de temperatura. Atualmente, o Oceano Pacífico equatorial (Niño 3.4) está caminhando para a neutralidade e uma possível aparição da La Niña no segundo semestre do ano. Mesmo com estas condições de anomalia de TSM, as temperaturas do ar próximo à superfície continuam elevadas no mês de fevereiro.

De qualquer maneira, estes fenômenos cíclicos somam-se a uma tendência de longo prazo que não mostra sinais de desaceleração: o aquecimento devido ao acúmulo de gases do efeito estufa na atmosfera. Carlo ainda complementa que 2024 estava a caminho de ser outro ano muito quente, possivelmente um ano recorde, mas as possibilidades de que isto aconteça podem diminuir se seguirmos rapidamente para um fenômeno de La Niña.