Mais um recorde de "Acqua Alta" em Veneza
Veneza teve o segundo maior nível de água registrado em Abril da história, o que deixou metade da cidade submersa. O fim da semana passada e início dessa semana foram cheio de alertas de tempo severo pela Europa, especialmente nos setores sul e oeste.
Veneza teve um novo recorde de alagamento após forte chuva na última sexta-feira (5). Foi a segunda maior "acqua alta" da história da cidade registrada em um mês de Abril. O nível da água chegou a 134 cm acima do nível do mar e como consequência 50% da cidade ficou submersa [ANSA].
"Acqua alta" é o nome dado as inundações extremas que ocorrem periodicamente em Veneza. As maiores inundações registradas foram em 1966, quando o nível do mar subiu 195 cm, e em 2008 e 2018, quando o nível chegou a 156 cm. Em 2018 a "acqua alta" recorde foi em novembro, devido ao efeito combinado da maré alta com as fortes chuvas da tempestade Adrián.
O maior nível registrado no mês de Abril foi 147 cm, em 1936. Veneza já convive com o avanço periódico do nível do mar, devido a sua construção em ilhas e estruturas artificiais sobre o mar Adriático. A cidade é equipada e preparada para níveis de 100 a 120 cm acima do nível mar. No entanto, eventos acima de 120 cm colocam em risco a estrutura urbana, e parecem estar ficando mais frequentes.
Um estudo publicado em 2009 mostra que o aumento do nível do mar em Veneza é agravado pela subsidência de terra na cidade. Veneza "afundou" 12 cm no século XX, enquanto o nível do mar relativo subiu 13 cm, totalizando 25 cm neste período. O mesmo trabalho mostra que a frequência de marés mais altas que 110 cm - valor limite para o fechamento das comportas que separam a lagoa de Veneza do mar - aumentará. Hoje esses níveis mais altos ocorrem cerca de 4 vezes por ano. No futuro a ocorrência pode aumentar para 20 vezes por ano, em um cenário futuro mais ameno, e pode chegar a 250 vezes por ano, em um cenário futuro mais pessimista.
Alertas em grande parte da Europa
As chuvas que causaram a "acqua alta" atípica para o mês de Abril foram acompanhadas por eventos extremos de chuva, neve e ventos nos setores sul e oeste da Europa. Esses eventos foram associados a dois sistema de baixa pressão: um ciclone extratropical sobre o Atlântico Norte e um sobre o Reino Unido. O primeiro causou alertas laranja e amarelos em Portugal e Espanha, com intensa agitação marítima na região costeira ao norte dos dois países, neve e chuva. O sul da França, Itália e Grécia foram afetados pela instabilidade frontal gerada pelo segundo sistema de baixa pressão. Hoje ainda era esperada chuva na Península Ibérica e Mediterrâneo, assim como queda nas temperaturas do norte europeu e Reino Unido.