Mapeamento de risco em Petrópolis, no Rio de Janeiro, revela que 17 mil pessoas vivem em áreas propensas a deslizamentos

Segundo um mapeamento geológico, o risco de deslizamentos em situações de chuvas volumosas é alto em vários bairros do município, com mais de 17 mil pessoas estando expostas a esse evento.

Foto do dia 17 de fevereiro de 2022, em Petrópolis (RJ): um homem tenta abrir a porta do que sobrou de sua casa no Morro da Oficina, após deslizamentos devido a um episódio de chuvas intensas. Crédito: Marcos Serra Lima/G1.

Entre fevereiro e março de 2022 uma tragédia climática assolou Petrópolis, um município localizado na Região Serrana do Rio de Janeiro. Fortes chuvas causaram a morte de 242 pessoas, deixaram 4 mil desabrigados ou desalojados e um rastro de destruição. Regiões como o Centro Histórico e o grande Alto da Serra, que reúne os bairros da Chácara Flora, Vila Felipe, Morro da Oficina e Sargento Boening, foram as mais atingidas.

Essas chuvas intensas foram causadas pela chegada de uma frente fria ao litoral do estado fluminense, e à posterior formação de uma Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que contribuiu para o grande volume de chuvas na região.

E hoje, após quase 3 anos dessa tragédia, o risco de deslizamentos na região ainda é alto, segundo um mapeamento geológico do Departamento de Recursos Minerais do Estado (DRM), o que deixa mais de 17 mil moradores à mercê das consequências desse evento.

Os locais com maior risco de deslizamentos em Petrópolis

De acordo com o levantamento de risco geológico feito pelo DRM, o bairro Independência é a localidade mais perigosa de Petrópolis, com 1.312 pessoas e 470 moradias em risco. Em segundo lugar está o Morro da Oficina, no Alto da Serra, com 1.055 pessoas e 377 moradias em risco.

Em todo o município, há 6.311 moradias em área de risco alto e muito alto para deslizamentos, a maioria no 1º Distrito (no centro de Petrópolis), totalizando mais de 17 mil pessoas expostas a estes riscos.

E com a chegada do verão, a apreensão aumenta, já que é quando ocorre o período chuvoso da região. Em todo o município, mais de 17 mil pessoas estão expostas a risco alto e muito alto de deslizamentos.

As demais localidades classificadas com risco muito alto de deslizamentos, em ordem decrescente, são: região Centro (866 pessoas e 311 moradias em risco), São Sebastião (764 pessoas e 273 moradias em risco), Retiro (750 pessoas e 269 moradias) e Vila Felipe (727 pessoas e 260 moradias em risco).

Morro da Oficina, em Petrópolis (RJ), foi uma das áreas mais afetadas pelas chuvas em 2022 e onde houve o pior deslizamento de terra. Crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil.

Outras localidades que também são suscetíveis a deslizamentos são: Quitandinha, Vale do Cuiabá, Madame Machado, Bataillard e Posse.

Vale destacar aqui que o termo ‘risco alto’ é aplicado quando há sinais de movimentação do solo, como trincas no chão, em paredes, e irregularidades causadas por deslocamentos anteriores. Já o termo ‘risco muito alto’ é usado quando são observadas trincas no solo, em moradias e em muros de contenção, árvores ou postes inclinados, cicatrizes de escorregamento, erosão, e proximidade de casas à margem de rios.

As indicações do levantamento

O DRM propõe em seu relatório final recomendações de obras estruturais (contenção de encostas, drenagem e manutenção de margens), instalação de sirenes, sinalização, sistema de alertas e conscientização e educação ambiental.

Destruição causada pela chuva em Alto da Serra, Petrópolis (RJ), na manhã de 16 de fevereiro de 2022. Crédito: Estadão Conteúdo.

Em nota, a Secretaria de Defesa Civil de Petrópolis afirmou que o relatório está em análise, para subsidiar as ações de prevenção e mitigação de riscos, e que o município já finalizou 146 obras de grande e médio porte e que outras 45 estão em andamento, a maioria de contenção de encostas.

Referência da notícia

Ameaça na Serra: mais de 17 mil petropolitanos ainda vivem em locais com risco alto de deslizamentos. 23 de dezembro, 2024. Camila Araujo.