Medição de nova altitude do Monte Everest: haverá grandes surpresas?
Cientistas decidiram reavaliar a altitude do Monte Everest. Após o terremoto de 2015 no Nepal, estima-se que haverá mudanças na magnitude e posição da elevação, considerada, até agora, a mais alta do mundo.
Após anos de polêmica, Nepal e China finalmente concordam em se encontrar e discutir sobre a nova altitude do Monte Everest. Medições, realizadas recentemente por ambas as partes, permitirão conhecê-la com exatidão nos próximos dias. Anteriormente, a China estimava uma altura de 8.844 m, não considerando a cobertura de neve no topo, e o Nepal seguia o valor estabelecido pelo “Survey of India”: 8.848 m, o mais aceito a nível internacional até 1999. Com o terremoto de 2015 no Nepal -de magnitude 7,8- acredita-se que sua altitude tenha sofrido modificações: o que ainda não se sabe é se sua altura diminuiu ou aumentou.
O que torna o Everest tão único
Batizado pelos nepaleses como Sagarmatha, "Frente do Céu", e pelos tibetanos como Chomo Lungma, "Mãe do Universo", a montanha mais alta do mundo foi reconhecida como tal em 1852 e em 1865 recebeu o nome de Sir George Everest, Agrimensor geral britânico da Índia na época.
O Everest, junto com as elevações circundantes, faz parte das Cordilheiras do Himalaia. Está localizado na fronteira do Nepal (no sul) com a China (pelo Tibete) no norte. É tão alto que atinge o limite inferior da corrente de jato e pode ser açoitado por ventos constantes de mais de 160 km por hora.
Em 2017, mais de 8.000 pessoas haviam alcançado o cume e quase 300 morreram durante a tentativa. É de difícil acesso e mais difícil ainda de escalar. A região do Himalaia, acima de 7.600 metros, é conhecida como a "zona da morte": o corpo humano está sujeito a condições extremas devido à altitude, que às vezes causa problemas respiratórios ou cerebrais por falta de oxigênio.
Como o Everest foi medido?
Nas primeiras vezes, foi usado um teodolito, instrumento de medição da trigonometria das montanhas, utilizado à distância no horizonte. O agrimensor Everest contribuiu nesta missão com medições muito precisas desde o Himalaia até o extremo sul da Índia. Em 1852, o matemático bengali Radhanath Sikdar informou que o Pico XV da cordilheira era o mais alto do mundo, com uma altura de, exatamente, 8.839 m.
Após o valor estabelecido pelo “Survey of India” (8.848 m), em 1999 os Estados Unidos marcaram uma nova altura de 8.850 m obtida por equipamentos GPS e aceita por especialistas em geodésia. Em 2005, a China enviou uma expedição que mediu a “altura da rocha” através de um radar que penetra o gelo. Esse dado só foi reconhecido na China e é questionado ainda pelo Nepal, que inclui a camada de gelo em sua medição.
Os métodos evoluíram com o tempo: hoje se obtém medidas com a ajuda dos satélites e de pessoas que escalam o Everest com um receptor GPS. Mesmo assim, não é uma tarefa fácil.
Definição da nova altura do “teto do mundo”
No ano passado, o Nepal enviou uma expedição para medir a nova altura do Everest. O chefe da inspeção permaneceu no pico gelado durante duas horas e perdeu um dedo do pé por congelamento. Este país, apesar de abrigar tantas elevações, nunca foi o protagonista das medições no Everest. Em maio deste ano, foi a vez da China, que enviou tecnologia GPS avançada para o topo da montanha para realizar esta missão.
Segundo o Kathmandu Post, o consenso não só abre caminho para os dois países anunciarem a "nova altura" do Everest, mas também encerra um desentendimento de 15 anos sobre o reconhecimento da "altura da neve" ou da "altura da rocha" da montanha como sua altura oficial.