Milhares de pássaros morrem após colidir com arranha-céus de Chicago

Um problema para o qual alertam os ambientalistas e que teve um episódio dramático na última semana, quando milhares de aves migratórias morreram no centro de Chicago.

pássaros
A colisão de aves é um problema para o qual as associações ambientalistas têm alertado. Foto: Daryl Coldren.

Durante a noite de quinta (5) para sexta-feira (6), cerca de mil pássaros morreram ao colidir com um arranha-céu na cidade de Chicago, EUA. Mil pássaros num único prédio, numa única noite. A quantidade de aves que tiveram esse mesmo destino em toda a cidade é incalculável.

Este é um problema para o qual as associações ambientalistas têm alertado. Os bandos de aves que, na sua rota migratória, passam por algumas das maiores cidades do mundo e se deparam com edifícios.

Os pássaros confundem o vidro dos edifícios com a escuridão do céu, ou simplesmente são atraídos pelas luzes dos arranha-céus. E nesse voo eles acabam se chocando contra o vidro.

O evento de quinta-feira à noite foi particularmente massivo e imagens das aves mortas circularam nas redes sociais. O estudante de doutorado Marky Mutchler postou na rede social X uma imagem de radar mostrando bandos de pássaros se aproximando de Chicago.

O evento de quinta-feira à noite “parece ser uma combinação de migração de alta intensidade, condições climáticas adversas para voar, e luz e vidro, uma combinação que sabemos muito bem que pode ser mortal”, explica a associação Bird Cast.

É por isso que ornitólogos e ecologistas pedem às pessoas que apaguem as luzes dos edifícios à noite, para evitar um massacre que, em grande escala, poderá afetar a densidade populacional e o futuro de diversas espécies de aves.

Atração fatal: por que os pássaros voam em direção aos vidros

Estima-se que cerca de um bilhão de aves morram todos os anos somente nos Estados Unidos. Chicago é a cidade “pior” localizada. Está localizado no meio da rota de voo de cinco milhões de aves de 250 espécies diferentes, que todos os anos cruzam o centro da cidade.

Os pássaros percebem os reflexos da vegetação, das paisagens ou do céu no vidro como reais. Além disso, “luzes artificiais à noite influenciam as colisões”, explica a American Bird Conservancy Foundation (ABC).

pássaros mortos
Ornitólogos e ecologistas promovem ações para reduzir colisões.

Muitas espécies migram à noite e a iluminação as atrai para áreas desenvolvidas. Isso acontece nas grandes cidades, mas também em áreas com iluminação muito menos onipresente”, indica a ABC.

Nos Estados Unidos, as colisões são mais comuns durante a migração da primavera e do outono, quando as aves se deslocam entre as áreas de reprodução do norte e os locais de invernada do sul.

“Como a luz atrai aves migratórias, muitas vezes elas recuam para empoleirar-se em áreas urbanas. Quando estas aves procuram comida no dia seguinte, é mais provável que encontrem vidro e colidam com ele”, indica a Fundação.

Outras cidades, como Houston e Dallas, também estão localizadas nesta rota migratória. Mas o problema também ocorre em Nova Iorque e outras grandes cidades.

É por isso que ornitólogos e ecologistas promovem ações para reduzir colisões. “Desligar as luzes à noite, ou pelo menos antes de as aves descerem de manhã cedo, pode reduzir o número de aves perto dos edifícios e, portanto, reduzir as colisões”, explica o ABC.

Em Chicago existe o BirdCast, uma iniciativa de monitoramento e previsão de migrações de aves. E também o Bird Collision Monitors, um projeto de conservação voluntário dedicado à proteção de aves migratórias através do resgate, promoção e divulgação.

“Os observadores de pássaros devem estar atentos a pássaros feridos ou presos e solicitar ajuda dos Monitores de Colisão de Aves de Chicago para salvá-los”, diz a Bird Cast.

Todas as organizações têm lutado por projetos de arquitetura mais amigáveis, que considerem a refletividade e o fato de os edifícios serem intrusos na trajetória natural de voo dos pássaros.