Missão para Marte é suspensa devido à guerra entre Rússia e Ucrânia

A guerra entre Rússia e Ucrânia entrou na sua quarta semana e já começou a afetar inclusive o programa espacial, em que uma missão conjunto da Rússia e da Europa para Marte foi suspensa.

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Missão para Marte suspensa devido a guerra entre Rússia e Ucrânia.

A guerra entre Rússia e Ucrânia entrou na sua quarta semana e ainda não há sinais de que isso deva parar, assim como as consequências do ato que vem sendo criticado por muitos países que começaram a lançar sanções como estratégia de cessar a guerra.

As sanções até o momento não afetaram a Rússia de forma que a convença a parar com a invasão, e além disso, tem feito com que ela reaja ainda mais em diversos setores, como por exemplo, o programa espacial que começou a ser afetado nos últimos dias.

Dmitry Rogozin, chefe da Agência Espacial da Rússia, ameaçou abandonar o astronauta norte-americano Mark Vande Hei no espaço após os Estados Unidos anunciarem sanções contra o país. Isso aconteceu depois que Joe Biden anunciou no fim de fevereiro que ia barrar a exportação de itens de alta tecnologia para o país do Leste Europeu, uma forma de afetar a indústria aérea e o programa espacial russso.

Suspensão de missão à Marte

Todas as agências espaciais estão com profissionais na estação nesse momento, Nasa, Roscosmos (Agência Espacial Russa) e a ESA (Agência Espacial Europeia). Apesar das agências confirmarem que os trabalhos na Estação Espacial Internacional (ISS) não tenham sido afetados, a parceria entre ESA e Roscosmos foi afetada fortemente em outros projetos, como na segunda parte da missão para Marte, ExoMars, e no lançamento de quatro missões que envolviam a constelação de satélites, além do desenvolvimento do foguete Ariane 6.

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Espaçonave russa Soyuz MS-13 transportando membros da expedição da Estação Espacial Internacional decolando da plataforma de lançamento do cosmódromo de Baikonur, alugado pela Rússia, no Cazaquistão, em 20 de julho de 2019. FONTE: Kirill Kudryavtsev.

Estava na programação da Exomars, lançar um rover com destino a Marte em setembro de 2022 com a ajuda de um lançador e uma estrutura de pouso de origem russa. Vale lembrar que o lançamento que aconteceria em 2020, havia sido adiado por conta da pandemia de covid-19, Até o momento, em diversas missões da ESA, eram utilizados o lançador russo Soyouz que partia do porto espacial europeu de Kourou, na Guiana Francesa.

Após as sanções europeias, a Roscosmos impôs a suspensão dos lançamentos que utilizam o Soyouz, e também chamou de volta sua equipe de centenas de engenheiros e técnicos. O resultado disso foi a expedição espacial ficar totalmente comprometida, uma vez que a janela de lançamento em direção a Marte só abre de dois em dois anos.

Ciência mundial afetada?

Em protesto contra a invasão da Rússia à Ucrânia, a Alemanha, assim como vários países, decidiu impor sanções e interromper toda a cooperação científica com o país russo.

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Participação da Rússia na Estação Espacial internacional (ISS), ao que tudo indica, ainda permanece. Imagem: NASA

Embora, como dito anteriormente, a parceria da ISS tenha sido considerada acima dos entraves geopolíticos e que não terá trabalhos afetados, algumas questões já vem sendo levantadas sobre o futuro do laboratório orbital, construído e mantido por um consórcio de 15 países entre os quais, os EUA e a Rússia são os membros mais importantes.

Universidades importantes ao redor do mundo também estão encerrando projetos de pesquisa e cooperação científica com instituições russas, ou seja, isso pode refletir no desenvolvimento da ciência mundial.

Lisa Janicke Hinchliffe, coordenadora de serviços de alfabetização e instrução de informações e professora na Biblioteca Universitária da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, nos EUA, afirma que ao mesmo tempo, alguns argumentam que cortar laços faria mais mal do que bem. “As considerações são muito complexas. Olhando para o fim deste conflito, podemos esperar que alguns projetos nunca retomem. Outros podem se recuperar, mas lentamente, mesmo que apenas por causa da logística e papelada envolvidas”, diz a pesquisadora, que acredita que, mesmo que os laços não sejam cortados, haverá o desafio de restabelecer a confiança.