Monte Fuji, no Japão, bate recorde de período mais longo sem neve

A neve começa a aparecer no início de outubro na montanha, mas não foi o caso neste ano, já que ela ainda não chegou. Segundo especialistas, isso tem relação com um mundo em aquecimento.

Monte Fuji
Monte Fuji, no Japão, neste ano, ainda sem neve no final de outubro. Crédito: Max Bender/Unsplash.

O Monte Fuji é a montanha mais alta do Japão, com 3.776 metros de altitude, resultado da atividade vulcânica que iniciou há aproximadamente 100 mil anos. É um Patrimônio Mundial da UNESCO, que atrai milhões de turistas anualmente.

Até o momento (31 de outubro), o Monte Fuji ainda está sem neve, registrando o recorde de período mais longo sem neve desde que há registros. Em 130 anos, ela nunca demorou tanto para chegar.

É um belo cartão-postal do país, muito conhecido pelo seu pico coberto de neve. Inclusive, ele costuma receber a neve no início de outubro, mas não foi o caso desse ano. A neve atrasou por lá. Isso fez com que a montanha batesse o recorde de período mais longo sem cobertura de neve, desde que iniciaram o monitoramento há 130 anos.

Por que a neve ainda chegou ao Monte Fuji?

Acontece que neste ano, a região está excepcionalmente quente, com várias ondas de calor intensas que ocorreram no verão. As temperaturas mais elevadas do que o normal provocaram uma estiagem de neve na região.

Inclusive, este ano, o Japão teve o verão mais quente já registrado, com temperaturas de até 1,76°C acima da média climatológica entre os meses de junho e agosto. E essa condição climática persistiu em setembro e outubro, impedindo a chegada do ar frio que traz neve.

O Monte Fuji localiza-se a sudoeste de Tóquio, próximo da costa do oceano Pacífico da ilha de Honshu, na fronteira entre as províncias de Shizuoka e de Yamanashi.

Segundo a Sociedade Meteorológica do Japão, essa situação se deve à corrente de jato subtropical (ventos em baixos níveis na atmosfera), que estava mais ao norte de sua posição habitual, permitindo um fluxo de ar mais quente no sul sobre o Japão. O fenômeno tem levado calor para a região, e cerca de 1,5 mil áreas tiveram dias ‘extremamente quentes’, com temperaturas iguais ou superiores a 35°C em setembro. Em outubro, o calor diminuiu um pouco, mas ainda foi um mês mais quente do que o normal na região.

"As temperaturas estiveram altas no verão, e continuaram altas em setembro, bloqueando o ar frio que causa a neve”, explicou Yutaka Katsuta, meteorologista do Escritório Local de Meteorologia de Kofu (uma cidade a norte do Monte Fuji). Ele afirmou que as mudanças climáticas podem ter um certo grau de impacto no atraso da formação da cobertura de neve.

O que as projeções indicam?

Segundo o jornal The Japan Times, ainda não havia neve no Monte Fuji na última terça-feira (29). Porém, a tendência é que, nos próximos dias, esse padrão de calor seja quebrado, o frio retorne e a montanha volte a ter seu pico coberto por neve.

Em 2023, a neve ocorreu pela primeira vez no topo no dia 5 de outubro. Em 2022, ela chegou um pouco antes, no dia 2 de outubro. Isso está dentro do que é considerado o normal.

Monte Fuji
Imagem do Monte Fuji coberto por neve. Crédito: Roméo/Unsplash.

Considerando os registros desde 1894, apenas dois outros anos foram excessivamente atípicos: 1955 e 2016. Isso porque a neve só se formou no dia 26 de outubro. Porém, esses recordes históricos já foram batidos pelo recorde de 2024.

Embora esse único evento não possa ser atribuído à mudança climática, a falta de neve observada no Monte Fuji é consistente com o que os especialistas em clima preveem em um mundo em aquecimento.

Referência da notícia:

The Japan Times. “Delay in Mount Fuji snowcap formation breaks record”. 2024.