Monte Fuji, no Japão, bate recorde de período mais longo sem neve
A neve começa a aparecer no início de outubro na montanha, mas não foi o caso neste ano, já que ela ainda não chegou. Segundo especialistas, isso tem relação com um mundo em aquecimento.
O Monte Fuji é a montanha mais alta do Japão, com 3.776 metros de altitude, resultado da atividade vulcânica que iniciou há aproximadamente 100 mil anos. É um Patrimônio Mundial da UNESCO, que atrai milhões de turistas anualmente.
É um belo cartão-postal do país, muito conhecido pelo seu pico coberto de neve. Inclusive, ele costuma receber a neve no início de outubro, mas não foi o caso desse ano. A neve atrasou por lá. Isso fez com que a montanha batesse o recorde de período mais longo sem cobertura de neve, desde que iniciaram o monitoramento há 130 anos.
Por que a neve ainda chegou ao Monte Fuji?
Acontece que neste ano, a região está excepcionalmente quente, com várias ondas de calor intensas que ocorreram no verão. As temperaturas mais elevadas do que o normal provocaram uma estiagem de neve na região.
Inclusive, este ano, o Japão teve o verão mais quente já registrado, com temperaturas de até 1,76°C acima da média climatológica entre os meses de junho e agosto. E essa condição climática persistiu em setembro e outubro, impedindo a chegada do ar frio que traz neve.
Segundo a Sociedade Meteorológica do Japão, essa situação se deve à corrente de jato subtropical (ventos em baixos níveis na atmosfera), que estava mais ao norte de sua posição habitual, permitindo um fluxo de ar mais quente no sul sobre o Japão. O fenômeno tem levado calor para a região, e cerca de 1,5 mil áreas tiveram dias ‘extremamente quentes’, com temperaturas iguais ou superiores a 35°C em setembro. Em outubro, o calor diminuiu um pouco, mas ainda foi um mês mais quente do que o normal na região.
"As temperaturas estiveram altas no verão, e continuaram altas em setembro, bloqueando o ar frio que causa a neve”, explicou Yutaka Katsuta, meteorologista do Escritório Local de Meteorologia de Kofu (uma cidade a norte do Monte Fuji). Ele afirmou que as mudanças climáticas podem ter um certo grau de impacto no atraso da formação da cobertura de neve.
O que as projeções indicam?
Segundo o jornal The Japan Times, ainda não havia neve no Monte Fuji na última terça-feira (29). Porém, a tendência é que, nos próximos dias, esse padrão de calor seja quebrado, o frio retorne e a montanha volte a ter seu pico coberto por neve.
Em 2023, a neve ocorreu pela primeira vez no topo no dia 5 de outubro. Em 2022, ela chegou um pouco antes, no dia 2 de outubro. Isso está dentro do que é considerado o normal.
Considerando os registros desde 1894, apenas dois outros anos foram excessivamente atípicos: 1955 e 2016. Isso porque a neve só se formou no dia 26 de outubro. Porém, esses recordes históricos já foram batidos pelo recorde de 2024.
Embora esse único evento não possa ser atribuído à mudança climática, a falta de neve observada no Monte Fuji é consistente com o que os especialistas em clima preveem em um mundo em aquecimento.
Referência da notícia:
The Japan Times. “Delay in Mount Fuji snowcap formation breaks record”. 2024.