Monte Palace: conheça a história fascinante do hotel abandonado em ilha dos Açores
Localizado na borda de um vulcão adormecido, o hotel Monte Palace foi o local mais luxuoso dos Açores há cerca de 30 anos e agora está completamente abandonado e vandalizado. Veja o que aconteceu.
O Monte Palace, hoje abandonado e tomado por pichações, era um luxuoso hotel de 5 estrelas na ilha de São Miguel, nos Açores. Está localizado no Miradouro da Vista do Rei, em Sete Cidades, no município de Ponta Delgada.
Hoje em ruínas, é um local turístico que recebe curiosos de vários lugares para apreciar a vista panorâmica maravilhosa de lá de cima. Acompanhe essa viagem conosco!
A história fascinante do hotel
Em 1977, a empresa Indústria Açoriana Turístico-Hotelereira (IATH), com acionistas franceses e belgas, decidiu investir nos Açores construindo o hotel de luxo Monte Palace. O projeto de construção ficou a cargo dos arquitetos Olivier Clément Cacoubd e Yves Roa. O investimento total na obra ficou na casa de milhões de euros.
Após muitos anos de atraso, ele inaugurou em abril de 1989, e já com dívidas enormes. O hotel tinha grandes chances de atrair muitos visitantes e de ser bem sucedido. O Miradouro onde ele fica é particularmente famoso pela sua vista panorâmica da lagoa das Sete Cidades, bem como da aldeia no interior da cratera vulcânica adormecida, como podemos ver na imagem no início deste artigo.
Porém, ele não teve sucesso, e em outubro de 1990 os proprietários tiveram de declarar falência. O hotel ficou aberto por apenas 18 meses. Por si só, o Monte Palace perdia cerca de 800 euros por mês. O inusitado é que ele chegou a ganhar o prêmio de 'Melhor Hotel do Ano em Portugal' em 1990, na mesma semana em que fechou.
O que antes foi uma das realizações mais luxuosas da ilha, agora está em um estado triste de deterioração. Nas semanas seguintes ao fechamento, o Monte Palace virou manchete de notícias em vários jornais de Portugal.
O hotel tinha 5 andares com um total de 88 quartos, a maioria suítes. A estrutura contava com dois restaurantes muito bem equipados, onde se usavam talheres de prata, copos de cristal e guardanapos bordados. Havia também: um bar, três salas de conferências, uma sala de jogos, um salão de beleza, um banco, um clube noturno de dança e outras lojas. Mais de 100 pessoas trabalhavam no hotel todos os dias.
Mas por que ele não deu certo?
Alguns fatores explicam por que o hotel não progrediu. Primeiro, porque os Açores na época não eram um destino turístico popular. A maioria dos visitantes era moradores locais e portugueses. Também, o hotel ficava em um local muito remoto; os visitantes precisavam alugar um carro para ir até o local e as estradas não eram muito boas naqueles anos.
Além disso, não havia algo interessante para fazer na região. À volta do hotel só havia trilhas na natureza, e as caminhadas não eram populares entre os hóspedes de classe alta (que eram o público do hotel). E por fim, outro fator apontado tem relação com o clima: devido a altitude, o local era frio e recebia muita chuva durante o ano; a vista deslumbrante ficava encoberta por nuvens várias vezes ao ano.
Após o seu encerramento, o que aconteceu?
Até o ano de 2011, o local era vigiado a fim de evitar o vandalismo e invasões. Porém, desde então não houve mais vigia. Pessoas começaram a roubar todas as coisas de dentro do hotel. Um ano depois, o governo retirou todos os vidros que restavam para evitar que ferissem as pessoas, o que acelerou o processo de roubos e deterioração do edifício.
Em 2016, o artista plástico Javier de Riba pintou o chão do hall do hotel com flores azuis para o festival anual de arte Walk and Talk, que ocorreu lá. Devido às más condições do hotel, a pintura apagou-se rapidamente e hoje em dia não é visível.
Com uma área construída de 13.104 metros quadrados, o hotel foi comprado em 2017 pelo grupo de investidores chineses Level Constellation, que pretendia reformá-lo e reabri-lo em 2021. Porém, nada aconteceu e a construção ainda nem sequer começou.
Atualmente, há placas e avisos proibindo a entrada no interior do edifício, já que ele está aos pedaços, desmoronando aos poucos, e pode se tornar perigoso. Além do que, no telhado, há muitos buracos, desde o poço do elevador vazio e profundo até ao teto de vidro que quebrou. No entanto, como não há fiscalização, muitos visitantes se arriscam entrando no interior da grande ruína.
Referências da notícia:
Azores Adventures Futurismo. “Monte Palace: A História do Hotel Abandonado na Ilha de São Miguel, Açores”. 2024.
Monte Palace Hotel. “Abandoned Monte Palace Hotel on Sao Miguel Island, Azores”. 2024.