A estrela Betelgeuse pode ser uma binária de estrelas: isso explicaria as estranhas observações associadas à ela

A famosa estrela Betelgeuse pode ser duas estrelas e isso pode explicar as observações estranhas associadas à estrela

Tudo que conhecemos sobre a estrela supergigante vermelha Betelgeuse terá que ser revisado se nova proposta, de que se trata de uma binária de estrelas, se confirmar
Tudo que conhecemos sobre a estrela supergigante vermelha Betelgeuse terá que ser revisado se nova proposta, de que se trata de uma binária de estrelas, se confirmar

Uma supernova é um dos fenômenos mais energéticos do Universo e observar uma seria um privilégio para muitos. Isso porque uma supernova poderia ser mais brilhante do que a Lua no céu noturno e poderia ser observada até mesmo durante o dia. Apesar disso, supernovas que podem ser observadas a olho nu são bastante raras e há pouquíssimos registros de supernovas vistas a olho nu.

Por esse motivo que quando a estrela supergigante vermelha Betelgeuse começou a ter uma variação no seu brilho, ela chamou atenção. Isso porque a Betelgeuse está na última fase de sua vida antes de entrar em supernova e se tornar uma estrela de nêutrons. A variação de brilho fez com que muitos astrônomos começassem a questionar se seriam os primeiros momentos antes de uma supernova.

Com outras observações, os astrônomos encontraram a variação provavelmente se deu por causa de uma nuvem de gás passando em frente de Betelgeuse. Recentemente, um novo artigo propõe a ideia que Betelgeuse na verdade seria uma estrela binária composta por uma supergigante vermelha e uma estrela com quase massa do nosso Sol. As duas orbitariam uma a outra e muitas observações estranhas seriam explicadas.

Evolução estelar

A vida de uma estrela começa quando uma nuvem de gás e poeira colapsa sob sua própria gravidade por algum fator interno ou externo. Essa nuvem de gás é chamada de nebulosa planetária e quando regiões começam a colapsar, protoestrelas são formadas. Regiões começam a ficar com uma pressão cada vez maior devido ao camp gravitacionalao ponto da temperatura aumentar consideravelmente até ser possível a fusão nuclear.

A fusão nuclear acontece no centro de estrelas e inicialmente é quando os átomos de hidrogênio são convertidos para átomos de hélio liberando energia em forma de radiação.

Quando uma estrela está na fase de fundir hidrogênio em hélio dizemos que ela está na sua fase de sequência principal. Quando o estoque de hidrogênio chega ao fim, a estrela passa a fundir outros elementos, principalmente o hélio. Nessa fase, a estrela incha se transformando em uma estrela conhecida como gigante vermelha ou supergigante vermelha dependendo do seu tamanho e massa.

Supergigante vermelha

Estrelas muito massivas desde os primeiros momentos formam estrelas supergigantes vermelhas quando chegam ao final da sequência principal. Uma supergigante vermelha recebe esse nome porque tem uma coloração avermelhada ao fundir elementos mais pesados como hélio e carbono. A cor avermelhada também indica que a estrela possui uma temperatura menor que estrelas da sequência principal.

Esse tipo de estrela vive menos de 1 bilhão de ano e chega ao final de sua vida rápido. A estrutura final dessas estrelas pode ser um buraco negro estelar ou uma estrela de nêutrons. Como a supergigante já indica o estágio final, é comum que elas sejam instáveis ao ponto de ejetar algumas camadas exteriores. Isso faz com que estrelas assim passem por diversas mudanças de brilho durante a vida e alguns estudos sugerem que elas alteram a própria estrutura.

Betelgeuse

Um exemplo de estrela supergigante vermelha é a Betelgeuse que está localizada na constelação de Órion e é possível observá-la a olho nu. Ela está em uma distância relativamente próxima da Terra com apenas 700 anos-luz. Betelgeuse é bem maior que o Sol com algumas estimativas concluindo que ela é cerca de mil vezes maior que a nossa estrela. Observações indicam que a estrela já está no processo final de sua vida.

A estrela Betelgeuse que possui um tamanho estimado igual da órbita de Júpiter pode ser uma binária de estrelas
A estrela Betelgeuse que possui um tamanho estimado igual da órbita de Júpiter pode ser uma binária de estrelas. Crédito: ALMA

Como Betelgeuse aparenta estar nos momentos finais do estágio evolutivo, é esperado que nas próximas centenas de ano ela entre em supernova. Por esse motivo, a estrela é observada com bastante atenção e qualquer variação é um indicativo importante. Em 2020, flutuações de brilho na estrela deixou a comunidade astronômica atenta de uma possível supernova. No entanto, as flutuações eram associadas a uma quantidade de gás passando em frente da estrela.

Duas estrelas pelo preço de uma

Desde então, a estrela Betelgeuse tem sido alvo de muitas observações para entender melhor o que acontece em 2020. Alguns sugerem que a nuvem de gás que ocultou a estrela era de alguma camada externa da própria estrela que foi ejetada. Outras propostas foram feitas por astrônomos para entender e estimar quanto tempo de vida a estrela tem. Um novo artigo publicado surge com uma nova ideia que Betelgeuse seria uma estrela binária.

Estrelas binárias são estrelas que possuem uma companheira ligada gravitacionalmente e elas podem orbitar uma a outra podendo afetar a dinâmica e evolução de cada uma.

O artigo argumenta que as mudanças que são observadas em Betelgeuse se deve a uma parceira de massa próxima ao do nosso Sol. O efeito gravitacional dessa companheira criaria modulações na superfície da companheira criando as flutuações de brilho e da estrutura da supergigante vermelha. Se confirmado a presença da parceira de Betelgeuse, tudo que se sabe sobre a evolução e final da estrela terá que ser revisado.

Supernova

A esperança de muitos astrônomos e amantes da Astronomia é observar a supernova de Betelgeuse em algum momento próximo. Isso porque a supernova seria uma verdadeira obra de arte no céu que seria visto por vários dias. Infelizmente, a chance de observarmos a supernova é extremamente pequena e a chance que Betelgeuse ainda tenha mais algumas centenas ou até milhares de anos pela frente.