Mudanças climáticas: França quer limitar uso de aviões particulares
O governo francês está considerando limitar o uso de aviões particulares para minimizar a poluição. Atualmente, os voos privados representam 10% do total de voos no país.
Por ordem do presidente da França, Emmanuel Macron, seu ministro francês dos Transportes, Clément Beaune, começou a estudar alternativas para limitar o uso de voos de jatos particulares para gerar menos poluição, e como política contra as mudanças climáticas e o consumo de energia. O objetivo de Macron é que esta estratégia seja aplicada ao nível da União Europeia, de acordo com o revelado pelo Deutsche Welle.
O presidente francês acredita que os maiores esforços recaem sobre os segmentos médios e baixos da sociedade, enquanto aqueles com mais recursos não fazem praticamente nada, a ponto de usar aviões particulares para fazer voos para rotas menores. São muitas as alternativas que estão sendo analisadas, pelo que a ideia está numa fase inicial, embora se pretenda avançar rapidamente.
Em declarações feitas no final de agosto, Beaune disse acreditar que os voos de jatos particulares devem ser atuados e regulamentados, porque estão se tornando o símbolo de um esforço a duas velocidades. Neste mês de setembro, o governo francês vai discutir o que foi batizado como seu "plano de sobriedade", que visa colocar em prática a economia de energia exigida pela União Europeia para enfrentar a crise devido à guerra na Ucrânia.
Um décimo dos voos totais
De acordo com a ONG Transport & Environnement, citada pelo jornal El País, um décimo dos voos na França correspondem a aviões privados. Nas últimas semanas essa questão vem ganhando volume naquele país, e as contas nas redes sociais que monitoram criticamente as viagens de milionários e celebridades em aviões exclusivos estão tendo muito eco.
No tweet que acompanha a nota, pode ver parte de uma conferência de imprensa que gerou muita polêmica na França. Quando o técnico do PSG e o jogador Kylian Mbappé foram questionados sobre a possibilidade de substituir o uso de aviões particulares pela oferta de um trem de alta velocidade, eles nem levaram em conta, riram maliciosamente e responderam com arrogância. É claro que neste momento haverá pouca intenção de unir os esforços do resto da sociedade.
Embora ainda não sejam conhecidas medidas concretas, várias possibilidades estão sendo consideradas: desde incentivos para reduzir esses voos, restrições ou cobranças com efeito dissuasivo. Obrigar as empresas a tornarem públicas as suas viagens em avião privado, criar um dispositivo para enquadrar a sua utilização e até impedi-la caso haja alternativa com voos comerciais ou comboios também está sendo analisado.
Setores que se opõem
Atualmente já existe uma regra na França que impede as companhias aéreas de operar linhas internas na França se houver uma alternativa de trem com duração inferior a duas horas e meia, exceto se estabelecerem voos interconectados. Outra possibilidade que começa a ser estudada seria integrar a aviação privada no sistema de cotas do futuro imposto sobre as emissões de dióxido de carbono (CO₂) que está sendo projetado na União Europeia.
Mas há políticos mais extremistas, como o secretário nacional da Europa Ecologia-Os Verdes (EELV), Julien Bayou, que já deu a conhecer que a sua posição é proibir diretamente este tipo de voo num sistema que tem muitas alternativas. Bayou planeja apresentar um projeto de lei em outubro para consideração pela Assembleia Nacional. Mas essa ideia conflita com a indústria do setor, que já antecipou que colocaria em risco um grande número de empregos.
Segundo indica o site AeroNaves, são muitas as reações adversas do setor potencialmente afetado. Ali se indica que avançar nessa ideia é fazê-lo contra o desenvolvimento econômico e social dos países. Isso pode afetar o desenvolvimento do setor e os esforços de fabricantes e operadores que tentam avançar na geração de aeronaves mais eficientes.