Na contramão de outros biomas, Amazônia apresenta aumento das queimadas
O número de focos de queimadas tem aumentado significativamente e em áreas consideradas protegidas. Se quase todos os biomas no Brasil estão queimando menos este ano, por que na Amazônia não?
O número é alto, é exorbitante, é preocupante! Queimadas se espalham por nossos biomas e geram prejuízos devastadores por onde passam, mas se o número tem diminuído quando comparado ao ano de 2021 na maior parte do país, por que na Amazônia o fogo aumentou?
Dos seis biomas brasileiros, sendo eles Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal, cinco apresentaram redução nos números de focos de incêndios registrados desde o início do ano até agora quando comparados ao mesmo período do ano anterior.
Há reduções expressivas comparadas a 2021, que variam entre 11% no caso do Cerrado e até 83% no caso do Pantanal, o que é considerado um avanço importante. Esses números são atuais, considerando o período de 01 de janeiro a 18 de outubro de 2022. Por outro lado, o fogo tem atingido com maior freqüência uma das áreas consideradas mais protegidas em nosso país, ou pelo menos deveria ser, a Amazônia.
Amazônia pegando fogo
Na contramão de outros biomas brasileiros, a Amazônia tem apresentado um aumento expressivo no número de focos de incêndios registrados em 2022. No período entre 01 de janeiro e 18 de outubro, foram somados 95.881 focos registrados, o que representa um aumento de 47% comparado ao mesmo período do ano passado quando foram registrados 64.886 incêndios.
A Amazônia que está espalhada por uma boa porção territorial brasileira, cobrindo estados inteiros ou em partes como Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Maranhão, Acre, Rondônia e Mato Grosso, soma mais de 57% do número total de focos de incêndios registrados neste ano. Para se ter uma idéia, no Cerrado, foram registrados cerca de 30%.
No ano de 2020, haviam sido registrados 87.733 focos de queimadas na Amazônia e para um respiro aliviado dos pesquisadores e institutos responsáveis, uma queda de 26% aconteceu em 2021, porém, a queda não foi sustentada de lá pra cá e hoje estamos diante de um número exorbitante. Comparado ao ano anterior, foram registrados nada mais nada menos que 30.995 focos a mais no mesmo período.
Amazônia Legal desprotegida?
Quando falamos em Amazônia Legal logo pensamos em proteção, em reservas ambientais, em tribos de índios, em fauna, em flora, em regras, em leis, em instituições que batalham incansavelmente pela sua proteção, tudo menos em queimadas aumentando.
Pois é, mesmo que seja algo “impensável” por muitos, é a dura realidade do nosso país. Desde janeiro até outubro, foram contabilizados e registrados no banco de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) cerca de 122.916 queimadas no território que abrange a Amazônia Legal, este número representa um aumento de 37% comparado ao ano passado.
A Amazônia Legal é abrangida por diversos estados do nosso país como Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Tocantins, Rondônia e Acre, todos da região Norte. No Nordeste, boa parte do Maranhão entra no pacote, assim como no Centro-Oeste em que o estado de Mato Grosso faz parte.
Se considerarmos os estados da Amazônia Legal, três deles estão no topo do ranking nacional de queimadas estipulados pelo INPE. Em primeiro lugar está o Pará com 32.124 focos e um aumento de 82% com relação a 2021. Em segundo lugar vem Mato Grosso com 26.475 focos e um aumento de 24%. Em terceiro lugar está o estado do Amazonas com 19.739 focos registrados e um aumento de 38% em comparação ao ano passado.
Se continuarmos a lista do ranking de queimadas veremos Maranhão em quarto lugar com 14.485 focos, Tocantins em quinto lugar com 11.336 focos, Acre em sexto lugar com 10.638 focos e Rondônia em sétimo lugar com 10.446 focos, ou seja, todos na Amazônia Legal que deveria estar protegida.
Claro que as chuvas irregulares e altas temperaturas têm grande parcela da culpa pelo aumento das queimadas. Porém, toda essa irregularidade do clima não seria apenas uma conseqüência dos nossos atos, mesmo que sem pensar diretamente em queimar nossos biomas? A ação do homem, desmatamentos, emissão de gases de efeito estufa, aquecimento global e tantas outras discussões, tudo caminhando para a destruição do que mais temos de valioso.