Nasce uma nova estação brasileira na Antártica

Sete anos após um grande incêndio, a nova Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) está prestes a ser concluída! O renascimento da estação brasileira marca o início de uma nova era no cenário de pesquisas científicas no continente antártico.

As instalações da nova EACF estão quase finalizadas na Ilha Rei George, mesma localização da antiga estação. Foto: Clayton de Souza/ IstoÉ.

A Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), 7 anos após o grande incêndio, renasceu no continente antártico com uma visual mais moderno e resistente! Projetada por um escritório de arquitetura brasileiro e executada por uma empresa chinesa, a nova estação deve ser concluída ainda nesse mês, mas só será oficialmente inaugurada em março do ano que vem, após um período de testes.

A nova estação ficará no mesmo local da antiga EACF, na Ilha Rei George, a 130 km da Península Antártica, na baía do Almirantado. Com uma área de 4.5 mil m², quase o dobro da antiga, que tinha 2.6 mil m², a nova base é composta por 3 blocos, 17 laboratórios de pesquisa e a capacidade de abrigar 65 pessoas. Sua nova estrutura foi construída de forma a resistir às temperaturas negativas, nevascas, abalos sísmicos e ventos de até 200 km/h.

O incêndio

A ECAF começou sua operação no dia 6 de fevereiro de 1984, e foi obrigada a encerrar suas atividades no dia 25 de fevereiro de 2012, após um grande incêndio. O incêndio começou pela madrugada devido a uma explosão no local onde ficavam os geradores de energia, naquele dia havia 60 pessoas na estação. Dois militares, Carlos Alberto Vieira Figueredo e Roberto Lopes dos Santos, morreram tentando combater o incêndio.

O fogo destruiu 70% das instalações, incluindo o prédio principal, onde ficavam os alojamentos e alguns laboratórios. As unidades que ficavam mais afastadas do prédio central, como os laboratórios de meteorologia, química e estudo da alta atmosfera, além de outros contêineres com materiais de pesquisa, não foram afetadas.

O incêndio que destruiu 70% da antiga EACF ocorreu no dia 25 de fevereiro de 2012. Foto: Defesa Aérea e Naval.

Mesmo após o incêndio, a pesquisa científica brasileira feita na antártica não parou. A bordo do navio de pesquisa polar da Marinha Almirante Maximiano, em acampamentos em diferentes pontos da região e em uma base provisória ao lado da base incendiada, cerca de 25 projetos científicos e 250 pesquisadores continuaram recebendo apoio para desenvolver seus trabalhos na Antártica.

O que é feito na EACF?

Dada a importância da Antártica, como principal reguladora térmica da Terra, influenciando as circulações atmosféricas e oceânicas, a EACF foi instalada com o objetivo de dar suporte a estudos sobre o clima e o meio ambiente antártico. Grande parte desses estudos é executada pelo Programa Antártico Brasileiro (Proantar), criado dois anos antes da EACF, em 1982, que após a criação da EACF, teve um grande suporte para o desenvolvimento de pesquisas em áreas de meteorologia, oceanografia, biologia e glaciologia.

De acordo com a Marinha, em 37 anos de operação da estação, foram realizadas mais de 365 pesquisas ligadas a biodiversidade e do ecossistema antártico, além de investigações sobre as mudanças climáticas e a camada de ozônio. Essas investigações já nos deram informações a respeito do aumento do buraco na camada de ozônio, do aumento da temperatura global, a redução do gelo marinho e o impacto das regiões polares para as circulações atmosféricas e oceânicas. A reinauguração da EACF, com uma estrutura maior e mais moderna, garantirá a continuidade e impulsionará o desenvolvimento desse tipo de pesquisas científicas!