Nível dos reservatórios e energia armazenada começam a diminuir no Nordeste! O que esperar para o inverno?
O período seco do interior do Nordeste já começou! Podemos confirmar isto ao observar a diminuição do nível dos reservatórios e da energia armazenada da região. Confira a previsão para o inverno!
Climatologicamente falando, a porção do interior do Nordeste do país está entrando no seu período seco. Mas por outro lado, o litoral leste da região está se preparando para a estação chuvosa, impulsionada pelos ventos de leste que contribuem para formação de chuvas entre o Rio Grande do Norte e a Bahia.
Então será normal observar menores valores de acumulado de precipitação no interior da região e, consequentemente, sobre a bacia do São Francisco. A última atualização do acumulado de chuva para o mês de maio mostra maiores valores na faixa leste do Nordeste, principalmente no estado de Alagoas, onde o acumulado se aproximou de 200 mm.
A partir do panorama parcial da anomalia de precipitação do mês de maio de 2024 podemos ver um padrão de chuvas abaixo do normal no norte Maranhão, leste do Pernambuco e da Paraíba. No sul do Piauí, oeste de Pernambuco e centro-oeste da Bahia, o cenário é de chuvas dentro da normalidade, que neste período já que são esperados menores acumulados de precipitação.
Esse cenário condiz com o total de 19 dias sem chuvas no sul do Maranhão e Piauí, além do centro-oeste da Bahia e áreas pontuais no Ceará e Rio Grande do Norte.
Energia armazenada do subsistema Nordeste começa a cair
Em termos de energia é muito importante entrarmos no período seco com níveis confortáveis de água armazenada nos principais reservatórios da região, para que possamos garantir o fornecimento de energia elétrica produzida por meio das hidrelétricas. E o regime de precipitação está diretamente ligado com o nível dos reservatórios.
O mês de abril fechou com 79% de EAR no subsistema Nordeste e até a última atualização, o mês de maio apresentou 75%, ou seja, já é possível notar a diminuição da energia armazenada. Em relação às bacias da região, a do São Francisco possui menor percentual de energia, seguida de Jequitinhonha, Parnaíba e Paraguaçu, que apresentam 100% de EAR.
Sabemos que a expectativa para o período seco é de baixos acumulados de precipitação, mas qual a intensidade desse padrão? Um surgimento tardio da La Niña pode atrasar a recuperação dos principais reservatórios do Nordeste.
Qual a tendência para o trimestre Junho-Julho-Agosto?
Em relação as anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM), o El Niño oficialmente encerrou a sua temporada no Oceano Pacífico. As TSM na região Niño 3.4 voltaram a ficar abaixo de +0,5°C no início de maio, com cerca de +0,3°C, e atualmente estão próximas do limiar de +0,2°C.
Mas isto não significa que a La Niña chegará logo em seguida, visto que o sistema de acoplamento entre o oceano e a atmosfera é complexo e lento. Ou seja, as anomalias de TSM do Pacífico, na região Niño 3.4, caminhará para a neutralidade e apenas a partir do trimestre da estação do inverno (Julho-Agosto-Setembro) deverá dar os seus primeiros sinais.
Outro padrão que devemos ficar atentos é a anomalia de TSM do Atlântico Tropical, que atualmente está com águas mais aquecidas próximo a costa do Nordeste.
Estas águas mais quentes possuem relação direta com o regime de precipitação da região, favorecendo a formação de chuvas na faixa leste do Nordeste, já que estamos entrando no período chuvoso desta porção. Entretanto, já é possível notar o aparecimento de águas mais frias na porção central do oceano.
Quanto a anomalia de precipitação para o trimestre de Junho-Julho-Agosto, segundo o modelo ECMWF, a expectativa é de chuvas concentradas na faixa costeira do Nordeste, do Rio Grande do Norte até o estado de Alagoas, impulsionadas pelo aquecimento do Atlântico tropical. Mas por outro lado, a tendência é de anomalias negativas de precipitação no interior, ou seja, são condições já esperadas para este trimestre na região Nordeste.