NOAA alerta para risco de mortandade de corais no litoral do Brasil
Recifes de corais são indicadores naturais de como anda as condições marinhas e climáticas em qualquer região do mundo. Um alerta da NOAA de nível 2, o mais alto, para branqueamento de corais está em vigor no litoral do Nordeste. Entenda o que isso significa.
Do litoral norte da Bahia ao litoral do Rio Grande do Norte, estão sendo registrados branqueamento de corais. Este fenômeno ocorre quando há um aumento na temperatura do mar.
Os corais são animais marinhos primitivos e do grupo cnidários, que também inclui as medusas (chamadas de águas-vivas) e os corais de fogo (hidrozoários). A estrutura dos cnidários é dividida em dois tipos, os pólipos e as medusas. No caso dos corais, a estrutura morfológica é o pólipo. Eles vivem fixados no fundo do mar, são invertebrados e conseguem formar um esqueleto calcário por baixo do tecido.
Existe uma relação extremamente importante entre os corais e as algas zooxantelas que vivem em seus tecidos. As algas fornecem alimento aos pólipos e, em troca, recebe proteção e nutrientes. O conjunto dos pólipos forma o que conhecemos por recifes de corais, tipicamente encontrado no fundo dos mares tropicais de águas quentes, claras e rasas.
Uma área de recifes de corais pode ter centenas ou milhares de outras espécies marinhas que ali buscam alimentos e abrigo, além da proteção contra predadores e correntes marítimas. Cerca de ¼ de todas as espécies de peixes dependem dos corais para sobreviver. Deste modo, os recifes de corais correspondem a um importante ecossistema e rico em biodiversidade.
Dada a importância dos corais, isso torna-os excelentes indicadores das condições ambientais dos mares, evidenciando desequilíbrios até mesmo climáticos.
A maioria dos recifes de corais estão na região denominada Indo-Pacífico (Mar Vermelho, Oceano Índico, Sudeste Asiático e Oceano Pacífico). No Oceano Atlântico e Mar do Caribe, a existência deles é menor. Em todo mundo, os corais cobrem uma área equivalente a 284.300 km².
Águas quentes x branqueamento
Um estudo de 2019 publicado na revista Current Biology, mostrou que as ondas de calor dos oceanos estão levando os corais à morte em uma velocidade muito maior do que se imaginava.
Sob condições de estresse térmico (águas quentes demais), as algas zooxantelas são expelidas pelos corais. Sem a fonte de energia fornecida por elas através de açúcares, aminoácidos e outros nutrientes, eles iniciam um processo de enfraquecimento (ficam brancos) que pode resultar em morte.
O último verão deixou legados para os corais do litoral do Nordeste. De acordo com os cientistas, a temperatura do mar acima da média que persiste na costa leste nordestina está provocando o branqueamento de corais em massa. Águas chegando a 30ºC (~ 2 graus acima da média) fez a NOAA emitir um alerta de branqueamento de nível 2, o mais alto, quando existe a possibilidade de mortandade. Esse alerta está em vigor entre o litoral do Rio Grande do Norte e o litoral de Alagoas.
No entanto, o fenômeno denominado branqueamento nem sempre é sinônimo de morte. Isso porque, mesmo sem as zooxantelas, os corais podem continuar se alimentando e sobrevivendo para recuperar as algas, segundo a pesquisadora Beatrice Padovani, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
“Porém, durante o período de estresse, o coral que é um animal e normalmente se beneficia dos produtos da fotossíntese das algas, não se alimenta e fica mais suscetível a doenças e competições. Se isso for prolongado, a colônia pode sofre mortandade total ou parcial”, acrescentou a pesquisadora em uma entrevista para o portal “ambientebrasil”.