Nor'Easters: entenda a tempestade de neve que atingiu Nova Iorque
Uma tempestade Nor’Easter atingiu Nova Iorque, nos Estados Unidos, e trouxe mais neve em um único dia do que a soma de toda a neve registrada nos últimos dois invernos. Entenda o fenômeno
Com uma semana de antecedência, os meteorologistas americanos já observavam condições para formação de tempo severo ao leste dos Estados Unidos. Na quarta-feira passada (16), a tempestade finalmente atingiu a cidade de Nova Iorque, trazendo quantidades de neve muito maiores do que o esperado.
Pelo menos 600 acidentes e 4 mortes em acidentes de carro foram registrados entre quarta e quinta-feira (17), quando mais de 114 cm de neve caíram em Binghamton, um registro recorde para a região. Na Pensilvânia, a neve acumulada chegou a 102 cm, e em Albany chegou a 76 cm. As autoridades pediram a mais de 50 milhões de pessoas que ficassem em casa.
Até esta semana, haviam regiões que ainda permaneciam soterradas pela neve. Apenas na cidade de Nova Iorque, foram registrados quase 27 cm de neve, mais do que a soma de toda a neve registrada nos últimos dois invernos. Os registros chegaram a 9,4 cm de neve no inverno de 2018/19 e 11,9 cm em 2019/20.
Para regiões como Nova Jersey e Massachusetts, a tempestade também trouxe chuva, ventos fortes e algumas inundações. Centenas de vôos foram cancelados, incluindo 123 no Aeroporto Internacional Newark Liberty. A tempestade, chamada de Nor’Easter, se afastou do país ao longo da sexta-feira (18), deixando um rastro de destruição causado pela neve.
Mas afinal, o que é uma Nor’Easter?
Nor’Easters são basicamente ciclones que se formam na costa leste da América do Norte, e cujo nome vem da direção dos ventos na área costeira, que sopram de nordeste (northeast em inglês, ou nor’east). Elas podem ocorrer durante todo o ano, mas são mais frequentes e violentas entre setembro e abril, época de inverno no hemisfério norte.
Por isso, estes eventos também são chamados de tempestades de inverno. Em termos mais técnicos, elas se desenvolvem em latitudes médias e baixas (entre 30° e 40° N) dentro de uma distância de 100 milhas à leste ou oeste do litoral, e avançam em direção Norte, geralmente atingindo sua máxima intensidade em áreas próximas à Nova Inglaterra e às Províncias Marítimas.
Associados às Nor’Easter, é comum se observar eventos de precipitação severa como chuva e neve, fortíssimos ventos comparáveis aos de um furacão, mar agitado e inundações costeiras. Nem sempre estes efeitos são significativos, mas causaram danos notáveis nesta última tempestade.
Felizmente, Nor’Easters não se formam no Brasil ou em qualquer parte da América do Sul, devido especialmente à posição geográfica do nosso continente com relação ao Equador. Em parte, a explicação é parecida com o porquê de não haver temporadas de furacões no Brasil.
Por isso, o assunto “tempestades de inverno” passa despercebido, e poucos sabem da grande variedade de tempestades que podem se formar em outros continentes. Pelo menos, nunca teremos de escavar a neve da porta para conseguir sair de casa.