Nord Stream libera o equivalente anual de metano de 2 milhões de carros
Enquanto os governos debatem se os danos ao gasoduto Nord Stream no Mar Báltico foram realmente um boicote, o vazamento de metano dele, um poderoso gás de efeito estufa, pode se tornar o pior da história.
Três vazamentos separados nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, que se estendem desde a Rússia até a Alemanha sob o Mar Báltico, levaram à especulação de sabotagem. Autoridades de energia dinamarquesas disseram que dois vazamentos foram encontrados no gasoduto Nord Stream 1, a nordeste da ilha dinamarquesa de Bornholm, e um terceiro vazamento em Nord Stream 2, a sudeste da ilha, em águas suecas.
Esse fato pode ser uma das piores catástrofes ambientais, já que o que foi liberado é o gás metano, um poderoso gás de efeito estufa que aquece a atmosfera da Terra de 28 a 34 vezes mais que o dióxido de carbono. O diretor de estratégia energética do Environmental Defense Fund, Andrew Baxter, estimou que cerca de 115.000 toneladas de metano já foram emitidas na atmosfera, o que equivale a 9,6 milhões de toneladas de CO2 ou as emissões de um ano inteiro de dois milhões de carros a gasolina.
Até esta semana, o maior vazamento de metano conhecido havia ocorrido em 2015, no cânion Aliso, em Los Angeles (EUA). Naquele ano, a liberação para a atmosfera foi de cerca de 97.100 toneladas de metano, mas isso foi um total de vários meses. No caso do Nord Stream, essa quantidade foi atingida em apenas algumas horas.
Embora nenhum dos dutos estivesse ativo, eles estavam cheios de gás natural, por questões técnicas, quando o incidente foi detectado. Uma forte queda de pressão foi observada primeiro no Nord Stream 1 e depois no outro gasoduto. A operação do Nord Stream 1 foi encerrada no início do mês passado pela Rússia, que disse que o gasoduto precisava de reparos. A operação Nord Stream 2 foi cancelada antes de ser inaugurada, pelo chanceler alemão Olaf Scholz, pouco antes da Rússia invadir a Ucrânia.
Danos irreparáveis
As autoridades alemãs consideram que a entrada de água nas tubulações deixou os gasodutos russos permanentemente inutilizáveis. “Os danos não poderão ser reparados rapidamente e a água do mar penetrará nas tubulações, causando corrosão irreversível”, explicaram.
Parte do metano que viaja no fundo do mar pode ser absorvido pelos oceanos e pelos organismos que neles se encontram. Mas o enorme volume de metano liberado em uma pequena área, como visto nas imagens, sugere que a maior parte do gás está escapando para a atmosfera.
Os especialistas explicaram que não são esperados danos à biodiversidade marinha pelos vazamentos descontrolados, mas que há preocupação com o aquecimento global, já que as emissões de metano que acabam se acumulando na atmosfera contribuirão ainda mais para a crise climática.