Norte do Brasil pede socorro em meio a inundações históricas
Estados do Norte e Nordeste do Brasil continuam enfrentando as consequências das chuvas volumosas das últimas semanas, principalmente com os transbordamentos dos principais rios da região. Em Rio Branco, a inundação do rio Acre já é a segunda maior da história!
As fortes chuvas continuam castigando as regiões Norte e Nordeste do Brasil neste outono. Mesmo sem a La Niña, que costuma favorecer as chuvas na região, as chuvas continuam acima da média, o que tem feito com que muitos rios e igarapés transbordem em diversas cidades e comunidades, causando muitos transtornos.
Um dos estados mais afetados é o Acre, onde mais de 40 mil pessoas já foram afetadas pelas chuvas volumosas e as inundações. Até o momento 7 municípios e 27 comunidades foram atingidos pelas cheias dos rios no estado. Dos 7 municípios atingidos, 6 decretaram situação de emergência: Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri, Sena Madureira e a capital, Rio Branco.
Até o momento, o transbordamento do Rio Acre atinge 41 bairros da zona urbana de Rio Branco, o que forçou a retirada de mais de 14 mil pessoas de suas casas. Na manhã de segunda (3), o rio chegou a marca de 17, 71 metros, muito acima da cota de inundação de 14 metros. Aliás, desde o dia 23 de março o rio está acima de sua cota de inundação e desde o dia 24 de março a cidade vive uma situação de emergência, reconhecida pelo Governo Federal.
Essa é a maior cheia em 8 anos e a segunda maior dos registros, perdendo apenas para a grande cheia de 2015, quando o Rio Acre atingiu a cota de 18,4 metros. Com as águas invadindo a cidade, diversas ruas foram interditadas, as aulas foram suspensas por tempo indeterminado e 5 unidades de saúde foram fechadas na capital acreana.
Um dos motivos da grande elevação do rio foram as águas de março, que vieram em forma de chuvas muito volumosas no estado! Em Rio Branco o acumulado médio esperado para o mês de março é de 285 mm, porém, em março deste ano foram acumulados 530 mm, quase o dobro do que era esperado no mês!
Nesta segunda (3), as chuvas deram uma pequena trégua e o nível do Rio Acre retrocedeu um pouco, registrando o valor de 17,52 metros na manhã desta terça (4). Entretanto, espera-se que o nível do rio volte a subir nos próximos dias por causa das águas que vem da região mais alta do estado. Porém, espera-se que, devido essa diminuição registrada, o rio não ultrapasse a cota máxima já atingida.
Além do Acre, outros estados do norte do Brasil também estão sofrendo com as chuvas muito volumosas e transbordamentos de rios, como partes do Pará, Tocantins e também o Maranhão. Muitas aldeias indígenas também foram tomadas pelas águas e seus moradores tiveram que ser socorridos em Rondônia e Tocantins, algumas seguem isoladas.
Alerta de cheias continua no Norte!
As chuvas ainda demorarão mais alguns dias para dar trégua no Norte e norte do Nordeste do Brasil. Inclusive o modelo ECMWF indica que pelo menos nessa primeira semana de abril as chuvas continuarão acima da média em partes dessas regiões, incluindo todo o estado do Acre.
As instabilidades seguem se formando na região em virtude da atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), mais a leste, e também pela influência do El Niño Costeiro, no extremo oeste da Amazônia. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) colocou no boletim de riscos geo-hidrológicos de hoje que “é alta a possibilidade ocorrência de eventos de inundação para a mesorregião Vale do Acre, com atenção para a capital Rio Branco”. Outras regiões nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Maranhão, Piauí e Ceará têm risco moderado.
Para os próximos meses espera-se que a cheia dos rios na região continue, principalmente no estado do Amazonas. O primeiro alerta de cheia de 2023 do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) indica uma probabilidade de quase 98% do Rio Negro atingir a cota de inundação em Manaus (de 27,5 metros) e probabilidade de 27% de atingir a cota de inundação severa (de 29 metros). De acordo com a CPRM, o Rio Negro deve atingir até 28,6 metros no auge da enchente, por volta do mês de junho.