Novo recorde de desmatamento na Amazônia é registrado
O primeiro trimestre de 2022 já lançou um marco histórico e bastante preocupante. Segundo o INPE, o Brasil já tem um novo recorde de alertas de desmatamento nesse primeiro trimestre.
Na última sexta-feira (08), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), divulgou novos dados com relação ao número de desmatamentos no Brasil, o que mostrou que a Floresta Amazônica está cada vez mais exposta e afetada, o número registrado no primeiro trimestre de 2022 foi o pior de toda a séria histórica de dados.
Mais de 900 quilômetros quadrados foram desmatados na Amazônia durante os meses de janeiro, fevereiro e março de 2022. Essa área de desmate é a maior já registrada desde o início do acompanhamento pelo INPE e representa um aumento de 64% com relação ao mesmo período do ano passado.
O que mais assusta é que esse recorde foi batido em uma época que geralmente não é a de maior registro desses índices, e a pergunta que fica é: o que esperar dos próximos nove meses?
Dados registrados
Durante o mês de janeiro, uma área de 430 quilômetros quadrados foi desmatada na Amazônia segundo o levantamento do Sistema Deter do INPE. Na média realizada entre os anos de 2016 e 2021, o desmate "normal" é de 162 quilômetros quadrados, ou seja, neste ano houve um aumento de 165%.
Em fevereiro, o desmatamento registrado ficou em 199 quilômetros quadrados, sendo 47% maior que a média de 135 quilômetros quadrados entre os anos de 2016 e 2021. Em março, apesar dos 312 quilômetros quadrados destruídos na Amazônia ser 15% menor que o mesmo período de 2021, na média também sofreu um aumento de quase 12%.
O Brasil prometeu em documentos enviados à ONU que irá reduzir em 37% sua emissão de gases de efeito estufa até o ano de 2025. Mas como isso será possível com um desmatamento cada vez maior?
Por que o número aumentou em época que deveria diminuir?
Para Gabriel Lui, coordenador de Uso da Terra do Instituto Clima e Sociedade (iCS), as taxas de desmate durante essa época do ano geralmente são menores, e ele explica.
Além de Lui, Cristiane Mazzetti, porta-voz da Amazônia do Greenpeace Brasil, também fala sobre os problemas enfrentados pelo bioma e lembra que a conservação de florestas e outros ecossistemas está entre as principais soluções apresentadas pelo IPCC para que seja possível limitar o aquecimento global em 1,5°C.
Apesar do cenário preocupante, o Brasil, que teria condições para ser um grande líder climático, passa por uma gestão federal que caminha na direção oposta, e sem demonstrar nenhum desassossego quanto a isso.
Segundo a análise dos especialistas ambientais, os compromissos assumidos pelo Brasil vão contra ao que foi proposto no Acordo de Paris, que deixava claro a inclusão de metas mais ambiciosas na revisão.
Junto ao desmatamento, vêm as queimadas
O período mais seco do ano tem como uma de suas principais características, o aumento no número de focos de queimadas pelo Brasil. Enquanto esse período mais seco, ainda que em transição, mal tenha começado, o número de queimadas já assusta.
No ranking nacional, segundo informações do INPE, Bahia lidera com 4855 focos registrados desde o início do ano até agora. Em segundo lugar vem Roraima com 4697 focos, em terceiro Mato Grosso do Sul com 3139, em quarto lugar Rio Grande do Sul com 2572 focos registrados e em quinto lugar está Minas Gerais com 2392 registros.
Somente na Amazônia, foram registrados mais de 9 mil focos de queimadas desde o primeiro de janeiro de 2022, o que representa quase 27% das queimadas registradas em todo o Brasil. A nossa Amazônia está desmatada e pegando fogo!