Número de focos de incêndio no Pantanal em um dia é maior do que o registrado em julho de 2023

Em apenas um dia, o Pantanal registrou 176 focos de incêndio, enquanto todo o mês de julho do ano passado teve 126 focos, representando um aumento de 42%.

Pantanal
O Pantanal registra mais um recorde negativo! Em um único dia o bioma registrou 176 focos de incêndios. Foto: Governo de Mato Grosso do Sul.

A Meteored tem acompanhado a situação preocupante que o bioma Pantanal vem enfrentando desde o final do ano passado. No último domingo (28), foram registrados 179 focos ativos de calor, um valor 42% maior que o total de incêndios registrados durante todo o mês de julho de 2023.

Em julho de 2023 foram registrados 126 focos de incêndios, enquanto que no último domingo (28) foram verificados 176 focos.

O mês de julho é considerado o terceiro pior em relação a quantidade de focos de incêndio desde o início do monitoramento pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em 1998. Em julho de 2020, o pior ano para o Pantanal, foram 1684 queimadas, em 2005 foram 1.259 focos e em 2024, até o último dia 30, foram 1158 focos.

Queimadas
Número de focos de incêndio em julho de 2023 é o terceiro maior desde o início das medições. Fonte: INPE.

O Pantanal já registra 4696 focos de incêndios até o último dia 30 de julho, e em todo o ano de 2023 foram registrados 6580 focos. Os estados que mais registrados focos de incêndios foram o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul. O número de focos deste ano já é considerado o segundo maior dos últimos 15 anos, e a combinação dos baixos acumulados de chuva, o acúmulo de matéria orgânica e da baixa umidade, ajuda a intensificar e espalhar os incêndios no Pantanal.

Os números de focos de incêndio no Pantanal estão altos desde o mês de novembro de 2023, quando foram registrados 4.134, considerado o recorde para o mês em questão. O último recorde tinha sido em novembro de 2002, com 2.328 focos.

Neste ano, a seca chegou antecipadamente ao bioma Pantanal, pois, climatologicamente falando, os incêndios se concentram entre agosto e outubro, período considerado seco, com um pico de focos de incêndio no mês de setembro. Ou seja, ainda no primeiro semestre do ano, o Pantanal já estava praticamente seco.

O Pantanal está cada vez mais seco

Outro fator crítico é a diminuição dos corpos d'água presentes no Pantanal, o que torna o bioma mais seco e mais propenso a novos incêndios.. Desde 2018 o bioma vem apresentando redução na superfície de água, e a extensão do corpo d’água anual do Pantanal, cerca de 6 meses do ano, foi de 383 hectares em 2023, representando uma perda de 61% em relação à média.

No primeiro semestre de 2024 foram queimados mais de 800 mil hectares no Pantanal!

Segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA/UFRJ), foram 802.875 hectares queimados no Pantanal apenas entre 1 de janeiro e 23 de julho de 2024. No mesmo período do ano passado, foram queimados 32 mil hectares, o que representa um aumento de cerca de 2.362%.