Número de queimadas dispara no Brasil sob cenário de onda de calor e chuvas irregulares
O número de focos de queimadas registrados no Brasil não para de aumentar mesmo na primavera, que em teoria, seria o período úmido e com redução dos incêndios. O culpado disso tudo é o El Niño e suas alterações climáticas.
Durante a primavera, considerado o período úmido do ano junto com o verão, era de se esperar que o número de queimadas reduzisse de forma expressivas, porém, o contrário tem acontecido e chamado a atenção. Aliás, o número de incêndios disparou no Brasil nesse ano de 2023, afetando vários estados e biomas importantes para a sobrevivência de muitas espécies já ameaçadas pelo clima.
Apesar do número geral de queimadas registradas em território brasileiro neste ano ser menor comparado ao mesmo período do ano passado, a diferença é bem pequena e a preocupação é gigante por conta dos prejuízos causados, desde o fogo de fato atingindo lavouras, pastos e até fazendas colocando em risco a vida de pessoas e animais, até o aumento de particulados relacionados à fuligem e o aumento das fumaças, algo já muito prejudicial a nossa saúde.
Comparado a outros países da América Latina, o Brasil é o que mais queima de forma disparada. O segundo país no ranking é a Bolívia com apenas 34.963 focos registrados nesse ano, seguida pela Venezuela com 24.021 incêndios. Para se ter uma noção da representatividade do Brasil nessas queimadas, somente o estado do Pará registrou 34.106 focos de queimadas desde o começo do ano até agora, ou seja, apenas um estado brasileiro queimou quase o total do país boliviano.
Queimadas nos estados brasileiros
O Pará ocupa o topo no ranking de queimadas brasileiras com os 34.106 focos registrados, já citados anteriormente, mas apesar do número assustador, teve uma queda de 7% comparado a 2022. Aliás, em apenas 12 dias de novembro, foram registrados 2.987 focos no estado paraense. Em seguida vem o estado do Amazonas que tem registrado vários episódios de fumaça espalhada pelas cidades, inclusive em Manaus, o que tem atrapalhado a vida das pessoas no dia a dia, gerado atrasos em vôos, além claro, de colocar pessoas com problemas respiratórios em risco. No Amazonas, foram registrados 18.936 focos até o momento.
O estado de Mato Grosso, que normalmente aparece em primeiro lugar no ranking, agora ocupa a terceira posição com 18.900 focos registrados, uma redução de 32% com relação ao mesmo período do ano passado. Em quarto lugar vem o Maranhão com 17.160 focos e em quinto lugar, o Piauí com 11.653.
O estado brasileiro que mais registrou aumento com relação as queimadas dos anos anteriores foi o Ceará, que vive uma longa estiagem e temperaturas excessivas por conta do fenômeno El Niño. Desde janeiro até agora, foram registrados 3.913 focos de incêndio no estado, um aumento de 156% comparado a 2022. A última vez que o Ceará registrou um número tão alto assim foi em 2007 com 3.566 focos. De lá pra cá, o número só havia caído, mas voltou a disparar em 2023, especialmente em novembro com 761 focos em apenas 12 dias.
Outro estado que tem se destacado de forma negativa com relação ao número de focos de queimadas registrados é o Amapá. Desde janeiro até agora foram 2.065 incêndios, um aumento de 130% comparado ao ano anterior. É a primeira vez que o número de queimadas no estado passa de 2 mil desde o ano de 1998.
Biomas mais afetados pelas queimadas no Brasil
Falando dos biomas brasileiros, a preocupação é enorme quanto ao aumento das queimadas, mas apesar de muitas leis de combate ao fogo crimonoso, o clima hostil de secas extremas e ondas de calor cada vez mais frequentes e intensas por conta do El Niño, gera também as queimadas consideradas naturais.
Dos biomas brasileiros, o que mais queimou até agora em 2023 foi a Amazônia com 84.971 focos registrados desde janeiro, porém, o número é 20% menor comparado ao ano passado. O cerrado também registrou queda nas queimadas, com 14% comparado a 2022, em 2023 houve 46.292 focos registrados, é o segundo bioma mais afetado pelos incêndios. Na Mata Atlântica teve um registro de 9.704 queimadas e uma diminuição de 5% com relação a 2022.
Por outro lado, existem biomas que estão queimando mais que o normal e mais do que queimaram em anos anteriores. No pampa, um registro de 689 queimadas com um aumento pouco expressivo de 4%. Segundo o INPE, na caatinga houve um aumento de 45% comparado a 2022, em que desde primeiro de janeiro até 12 de novembro, foram registrados 16.035 queimadas.
Porém, o bioma que se destaca por ora é o pantanal, entre o sudoeste de Mato Grosso e o noroeste de Mato Grosso do Sul, com um registro de 4.189 queimadas até agora, um aumento de 234% comparado ao ano anterior. O número tinha caído muito de 2021 para 2022, o que gerou alívio na região, mas em 2023, toda essa conquista foi perdida e o aumento foi disparado.