Número de queimadas explode na Amazônia e fumaça se espalha pelo Brasil
Na semana de comemoração do Bicentenário de Independência do Brasil, a Amazônia arde em chamas e a pluma de fumaça desses incêndios se estende por grande parte do continente sul-americano, chegando aos estados do Sul e Sudeste do Brasil.
Nos primeiros sete dias de setembro a Amazônia já registrou 18.374 focos ativos de queimadas, de acordo com monitoramento via satélite feito pelo Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Esse número já superou o que foi registrado em todo mês de setembro de 2021!
A média diária de número de focos ativos de queimada desse mês tem sido de 2 624 focos por dia, muito acima da média histórica de 1070 focos por dia. Nem o pior mês de setembro da história, ocorrido em 2007 com um registro total de 73 141 focos de incêndio, teve uma média diária tão alta assim. Nos três dias do último final de semana o número de focos diários passou de 3 mil, com domingo (4) registrando o maior número até o momento, de 3 393 focos de queimadas.
Após um mês de julho com um número de queimadas abaixo da média histórica, as queimadas na região explodiram em meados de agosto, que fechou com o registro de 33 116 focos de incêndio, o maior número de queimadas para um mês de agosto desde 2010! Se as queimadas de setembro continuarem com essa média de mais de 2 600 focos por dia, certamente o mês de setembro de 2022 quebrará um triste recorde, superando setembro de 2007.
Fumaça das queimadas se espalha pelo Brasil
Com tantos focos de queimadas ativos ao mesmo tempo, as plumas de fumaça que têm se formado sobre a região amazônica têm sido muito densas e volumosas, grandes o suficientes para serem facilmente avistadas pelos satélites nos últimos dias.
Inclusive, assim como foi observado nos últimos anos, essa densa pluma de poeira tem sido transportada pelo grande escoamento de ventos que atua sobre a América do Sul, fazendo com que parte dessa fumaça chegue às latitudes extratropicais! Nos últimos dias a pluma de fumaça chegou a atingir países vizinhos como Peru, Bolívia e Paraguai, além de chegar às regiões Sul e Sudeste do Brasil, principalmente nos estados de São Paulo e Paraná.
É possível notar a presença dessa fumaça de queimadas não só pelas imagens de satélite no canal visível, onde vemos o corredor de fumaça cinza, mas também pelas medições de concentração monóxido de carbono (CO) feita pelos satélites, onde podemos notar altos níveis de CO sobre toda região amazônica, e níveis intermediários chegando nas latitudes subtropicais.
Apesar de ter chegado aos estados do Sul e Sudeste do Brasil, a presença da fumaça não foi tão perceptível. As regiões mais prejudicadas por essa fumaça continuam sendo os estados da região Norte. Em Rio Branco, no Acre, os sensores que monitoram a qualidade do ar chegaram a registrar um pico de 347 microgramas por metro cúbico (µg/m³) de material particulado nesta quarta-feira (07), valor muito acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).