O aumento da salinidade da água potável está prejudicando a saúde reprodutiva das mulheres
Na ausência de água potável, as mulheres de Bangladesh estão sendo expostas a águas de alta salinidade. E agora enfrentam problemas devastadores no sistema reprodutivo!
O delta do rio de baixa altitude da região pode fazer muito para evitar o aumento do mar, onde até mesmo alguns milímetros por ano significam água mais salgada que causa estragos nas comunidades costeiras.
Em Bangladesh, a maioria das pessoas dependem do rio para sobreviver, incluindo Asma Akhter, que teve infecções uterinas associadas a exposição excessiva à água salgada.
Em Shyamnagar, a água em diferentes áreas é excessivamente salgada e a médica da cidade, Idris Eva, já recebeu muitos pacientes com problemas uterinos devido ao uso de água salgada, e ainda afirmou que a situação é alarmante.
A água do rio afetou negativamente a saúde feminina
Seis meses atrás, com 25 anos, Akhter foi submetida a uma histerectomia depois de sofrer o que ela descreveu como “dor insuportável” após o nascimento de seu segundo filho. Mesmo após a operação, ela disse que ainda tem crises de febre e vômitos. Sua doença, segundo seus médicos, é causada pela exposição excessiva à água salgada.
Akhter ainda afirmou que, a água que ela está bebendo também é muito salgada e está causando morte na comunidade e destruindo a esperança daqueles que dependem do rio para sobreviver. Milhares de mulheres de Bangladesh enfrentam problemas devastadores de saúde reprodutiva, causados pelo aumento do teor de sal nas águas em que vivem e trabalham.
Esses impactos têm implicações sociais de longo alcance e, entre os que correm maior risco, estão as mulheres que vivem em partes do mundo menos responsáveis pelo aquecimento global, mas muitas vezes impotentes para impedir as consequências.
Um estudo de 2018 publicado na revista Agricultural Economics descobriu que cerca de 20 milhões de pessoas nas áreas costeiras de Bangladesh são afetadas pelo aumento da salinidade na água potável.
O excesso de salinidade na água potável pode causar picos nos níveis de ingestão de sódio, o que aumenta a pressão arterial e tem sido associado a riscos maiores de hipertensão e pré-eclâmpsia em mulheres grávidas. Tomar banho ou ficar em água salgada até a cintura por horas para pescar pode aumentar o risco de uma mulher contrair infecções no sistema reprodutivo e afetar o ciclo menstrual.
Mas de onde vem esse sal?
Esse sal vem da Baía de Bengala, onde os principais rios de Bangladesh encontram o mar. No entanto, à medida que as temperaturas globais sobem e as geleiras do planeta derretem, o delta de baixa altitude da região não pode fazer muito para evitar o aumento do nível do mar. Alguns especialistas costumam se referir a Bangladesh como “marco zero para a crise climática”.
Bangladesh ficou em sexto lugar no Índice de Risco Climático Global de 2018, e para as comunidades rurais, esses riscos já são incontroláveis. A erosão das margens do rio desloca de 50.000 a 200.000 pessoas aqui a cada ano. Outros milhares fogem cada vez que um grande ciclone atinge a costa. As tempestades intensificadas não apenas destroem casas e meios de subsistência, mas também contribuem para o aumento da salinidade da água e do solo.
Esta incursão de água salgada se infiltra no solo, a qualidade do solo para a agricultura, as lagoas para lavagem e os rios para o cultivo de peixes e crustáceos de água doce tornam-se gravemente degradados, e comunidades inteiras podem ficar sem acesso à água.
O aquecimento global exacerbou as desigualdades de gênero existentes e afetou direta e indiretamente a saúde sexual das mulheres, os resultados da gravidez, o uso de anticoncepcionais e as intenções de fertilidade em Bangladesh e Moçambique, dois países vulneráveis ao clima.
Espera-se que os riscos para a saúde reprodutiva das mulheres aumentem à medida que os ciclones e inundações se tornam mais frequentes e intensos devido ao aquecimento global e à medida que o nível do mar continua subindo.