O calor extremo já matou 20 mil trabalhadores em apenas uma década
As consequências das mudanças climáticas já chegaram! O calor extremo já matou dezenas de milhares de trabalhadores em todo mundo, principalmente aqueles que trabalham em setores informais.
As tendências de aquecimento de longo prazo continuam em todo o mundo, mesmo quando interrompidas por fenômenos climáticos temporários mais frios. Ou seja, o aquecimento global não tem sinal de desaceleração, e está aumentando o risco para trabalhadores que enfrentam o calor extremo na jornada de trabalho.
Esse aumento das temperaturas globais está aumentando o risco de trabalhadores morrerem ou ficarem incapacitados devido ao calor extremo em Doha. A conferência , realizada no Catar quando as temperaturas da primavera chegaram a 40 graus, ouviu que dezenas de milhares de trabalhadores em todo o mundo morreram de doença rena crônica e outras doenças relacionadas ao calor extremo nas últimas décadas.
O risco do calor extremo para os trabalhadores
“A ciência nos diz que todos os países podem fazer mais", disse o chefe regional da Organização Internacional do Trabalho para os países árabes, Ruba Jaradat, na Conferência sobre estresse térmico ocupacional, que se concentrou nas mudanças climáticas e como o aumento das temperaturas ameaça a saúde dos trabalhadores.
A Copa do Mundo do ano passado no Catar, chamou a atenção para os trabalhadores que trabalham em temperaturas que podem chegar aos 50 graus durante o pico do verão em países do Golfo.
Suas reformas foram elogiadas pela agência de trabalho da ONU, embora alguns especialistas digam que mais pode ser feito pela classe trabalhadora. Não existe um padrão internacional de temperatura para trabalho ao ar livre, mas a mudança climática forçou uma nova votação para discutir a temática. O governo dos EUA prometeu novas regras em 2021, após uma onda de calor mortal a Casa Branca afirmou que “o calor é o principal assassino relacionado ao clima do país”. Porém nada foi produzido ainda.
A Europa também tem visto ondas de calor devastadoras. Mas, além do Catar, Chipre é um dos raros países a restringir o horário de trabalho, exigindo pausas extras e roupas de proteção térmica quando as temperaturas sobem acima de 35°C. Calor extremo e radiação solar desencadeiam insolação, doenças renais, cardíacas e pulmonares, além de aumentar as taxas de câncer.
De acordo com as previsões da Organização Internacional do Trabalho, o sul da Ásia e a África subsaariana sofrerão mais com a perda de horas de trabalho devido ao calor extremo nos próximos anos. Índia e Bangladesh possuem grandes populações agrícolas e um grande número de pessoas trabalhando em setores informais sem seguro saúde.
“A gente tá morrendo”
Segundo Justin Glaser, chefe do grupo de saúde ocupacional La Isla Network, disse que mais de 20 mil trabalhadores do ramo de açúcar na América Central morreram em uma única década de doença renal crônica. Ele apontou para cerca de 25.000 mil mortes por doença renal no Sri Lanka.
Cerca de um bilhão de trabalhadores agrícolas e dezenas de milhões em construção e outras indústrias ao ar livre estão na linha de frente. Mas salva-vidas de piscinas, jardineiros e trabalhadores dos correios também enfrentam perigos de calor.
Vidhya Venugopal, professor de saúde ocupacional do Sri Ramachandra Institute em Chennai, destacou o caso de centenas de milhares de produtores de sal na Índia que trabalham em condições desérticas que sofrem altas taxas de doenças renais e outras.
“Eles não têm cobertura e ficam no sal o dia todo”, disse Venugopal à AFP. Nos meses de verão, cerca de 80% sofrem algum tipo de doença provocada pelo calor.
Os países mais pobres não podem esperar que os padrões internacionais sejam aplicados, as pessoas estão morrendo, contraindo doenças crônicas e é necessário adaptar todas as práticas usadas por outros e adaptá-las à cultura local do país.