O clima pode influenciar a disseminação do novo coronavírus?
Confirmando as suposições, um artigo publicado nessa semana mostra evidências que o novo coronavírus se dissemina mais lentamente em altas temperatura e umidade. No entanto, existem outros fatores que influenciam a transmissão do vírus e devemos ficar alertas às recomendações dos órgão de saúde.
A ameaça da doença COVID-19, causado pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 (Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2) está longe de acabar. São 214894 infectados e 8732 mortes contabilizadas em todo o mundo. No Brasil temos 372 infectados e 3 mortes. Esses números foram coletados às 21h30 de quarta-feira (18/03) na base fornecida pela Universidade Johns Hopkins (EUA).
No texto recente "Como a disseminação do Coronavírus pode estar associada ao clima?", a meteorologista Paola Bueno apresenta as suposições das autoridades de alguns países do Hemisfério Norte sobre a redução dos casos de COVID-19 com a chegada do verão boreal ("boreal" faz referência ao Hemisfério Norte). Essas suposições foram feitas baseadas no comportamento de outros vírus da família do coronavírus, que causam gripes e resfriados mais leves.
De fato, nessa semana saiu o primeiro estudo relacionando as condições do tempo com a disseminação do novo coronavírus mostrando que essas suposições podem estar corretas. O trabalho usou dados de temperatura e umidade de estações meteorológicas e do histórico de contaminação dos pacientes na China para analisar a relação entre eles. Os autores encontraram evidências de que altas temperatura e umidade diminuem a taxa de transmissão do novo coronavírus.
Esses resultados contribuem para um cenário de melhora no controle da pandemia no Hemisfério Norte com a chegada das estações mais quentes, mas não dão uma visão otimista para o Hemisfério Sul, que começa dia 20 de Março o outono. No Brasil esta estação é mais fria e seca que o verão. A análise da tendência do clima para Março, Abril e Maio indica chuva e temperatura acima da média ou na média para as regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e, para Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. São Paulo e a região Sul do país podem apresentar chuva abaixo da média pela configuração do modo de Oscilação Antártica, que não favorece-rá a passagem de frentes-frias na região. Veja a análise trimestral completa feita pelo meteorologista Davi Moura aqui.
No entanto, devemos ter em mente que os fatores que influenciam a disseminação do vírus vão além de temperatura e umidade e podem ser contrapor. Devemos lembrar que o tempo também dita o hábitos das pessoas. Apesar da alta umidade contribuir para a diminuição da transmissão, em regiões tropicais com chuva intensa, as pessoas também tendem a se aglomerar em ambientes fechados para proteção, o que aumenta o contágio.
Em uma situação de pandemia, devemos manter a calma e seguir as recomendações da Organização Mundial de Saúde e do nosso Ministério da Saúde. A recomendação é ficar em isolamento social voluntário, saindo apenas quando extremamente necessário: ir ao mercado, farmácia ou à trabalho - quando não é possível trabalhar de casa. Se houver necessidade de sair, evitar aglomerações, locais fechados, manter um distância segura das pessoas (cerca de 1 m) e não se cumprimentar tocando o outro. A higiene pessoal é fundamental, lavar as mãos com água e sabão por 20 segundos e evitar colocar as mãos no rosto (olhos, nariz e boca). Álcool gel acima de 70% é indicado para a higiene das mãos na falta de água e sabão e para a limpeza de objetos e superfícies, como celulares, maçanetas, botões e mesas.