O comércio de Natal está em risco devido a maior seca já registrada no Canal do Panamá!
O Canal do Panamá, um dos canais interoceânicos mais importantes do mundo, está colocando o comércio global em risco devido a uma das piores secas já enfrentadas. Com isso, muitas entregas de Natal correm o risco de não chegarem a tempo!
O Canal do Panamá, um canal artificial para navios localizado no Panamá e que faz a ligação de 82 quilômetros entre o oceano Atlântico (através do mar do Caribe) até o oceano Pacífico, está há meses enfrentando sua maior seca já registrada. Essa situação tem prejudicado as operações do canal e o comércio internacional, e agora está numa situação crítica que indica que a rota poderá ficar totalmente comprometida para o comércio nos próximos meses.
O principal responsável por essa seca em um dos principais canais de comércio do mundo é o El Niño, que se instaurou a partir do meio deste ano e agora está prestes a atingir seu pico de intensidade máxima, sendo classificado como um El Niño forte. O El Niño causa uma redução das chuvas sobre a região do Lago Gatún, a principal fonte de água utilizada no sistema de eclusas do Canal do Panamá. Os níveis de água no lago, que já não estavam altos, "continuaram a diminuir para níveis sem precedentes para esta época do ano", segundo a Autoridade do Canal do Panamá (ACP).
De acordo com os registros históricos, esse ano tem sido excepcionalmente seco na região, o mês de outubro foi o mais seco desde que os registros começaram em 1950. Dessa forma, o atual nível do Canal é o mais seco desde meados do século XX e isso tem limitado a quantidade de navios que podem passar através da hidrovia.
A ACP já tem feito algumas limitações no número de trânsito diário e essas restrições poderão durar até o ano de 2028! Além disso, o atual nível deixou alguns navios de grande porte aguardando semanas para passar pela hidrovia, já que o baixo nível da água limita a quantidade de embarcações que podem passar. Normalmente passam pela rota 38 navios todos os dias, mas agora apenas 24 são autorizados a passar por dia e ainda espera-se que o número caia para 16 navios nos próximos meses.
Consequências da crise no Canal do Panamá no comércio global
Devido ao baixo nível de água do Canal do Panamá e as consequentes restrições impostas, alguns atrasos estão ocorrendo no comércio internacional e, devido a época em que estamos do ano, há uma enorme preocupação de como será o Natal no mundo, já que é a época de maior fluxo do comércio mundial.
Para atravessar o canal, geralmente se leva de 8 a 10 horas, mas atualmente o tempo de passagem leva de 1 a 2 semanas. Para tentar minimizar o atraso nas entregas das mercadorias, alguns navios estão pagando até 4 milhões de dólares para evitarem a fila no Canal do Panamá ou estão tentando desviar a rota marítima através do Canal de Suez, no Egito, ou no Canal do Cabo do Bem, na África do Sul.
“Durmo melhor à noite sabendo que vou contornar o Cabo ou Suez e não esperar na fila, especialmente quando começa a ficar realmente desesperador e você paga US$ 4 milhões”, disse James Allen, vice-presidente da Cheniere Energy (empresa de fretamento e operações de gás natural liquefeito), de acordo com a revista Fortune.
Apesar das tentativas de contornar o problema da seca, ainda há chances de que as encomendas de Natal cheguem em seus destinos quatro semanas mais tarde do que o previsto. E também, de acordo com os especialistas, há a possibilidade de que esse congestionamento do abastecimento global afete os preços dos alimentos e da energia, já que os alimentos e combustíveis também estão sofrendo atrasos.