O desmatamento no Cerrado emitiu 135 milhões de toneladas de CO2. A região da Matopiba lidera o ranking de emissões

Um levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) revelou que o desmatamento no Cerrado gerou a emissão de mais de 135 milhões de toneladas de CO2 em pouco mais de um ano.

Cerrado
O desmatamento no Cerrado gerou a emissão de mais de 135 milhões de toneladas de CO2, de janeiro de 2023 a julho de 2024. Foto: Drone Uberlândia.

O Cerrado registrou pouco mais de 60.900 focos de incêndio em 2024, sendo o bioma com a maior perda em termos de hectares, cerca de 5,4% do total. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), entre 9 e 15 de setembro, houve um aumento de 1.753.625 hectares queimados.

De acordo com um levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), com dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD), o desmatamento no Cerrado gerou mais de 135 milhões de toneladas de CO2 de janeiro de 2023 a julho de 2024, considerando apenas os alertas com área superior a 10 hectares.

A região da Matopiba lidera o ranking de emissões de CO2

O SAD utiliza satélites ópticos com o sensor Sentinel-2, da Agência Espacial Europeia, e realiza a comparação das imagens aéreas com um intervalo mínimo de 6 meses, com o intuito de verificar se houve desmatamento.

O Cerrado possui uma grande diversidade pois possui três tipos de vegetação: a savana (gramíneas e arbustos), florestal (árvores mais densas) e campestre (apenas gramíneas). A savana é a predominante e a mais afetada pela destruição.

Cerrado
Toneladas de CO2 emitidos por cada vegetação do Cerrado. Fonte: SAD Cerrado/IPAM.

As áreas de savana do Cerrado, que representam 62% da vegetação do bioma, foram responsáveis por 88 milhões de toneladas de CO2 (65%) emitidas entre janeiro de 2023 e julho de 2024. As queimadas em áreas florestais geraram quase 37 milhões de toneladas, enquanto a destruição das áreas campestres, que ocupam 6% do bioma, resultou na emissão de cerca de 10 milhões de toneladas.

Todos os estados da região Matopiba, considerada a fronteira agrícola do Brasil, estão entre os que registram a maior quantidade de alertas.

Atualmente, os estados com o maior número de alertas são: Maranhão, com 10.086; Tocantins, com 7.774; Piauí, com 5.732; Minas Gerais, com 3.767; Goiás, com 2.667; e Bahia, com 2.416. Os dados equivalem ao período de janeiro de 2024 a julho de 2024.

Na região da Matopiba, Tocantins foi o estado com maior emissão de dióxido de carbono, totalizando mais de 39 milhões de toneladas. Ao todo, foram desmatados 273 mil hectares, e tanto em 2023 quanto em 2024, o estado liderou o ranking de emissões causadas pelo desmatamento de formações savânicas e florestais, que juntas somaram 98% do total no estado.

O Maranhão ocupa a segunda posição, com 35 milhões de toneladas de dióxido de carbono liberadas e 301 mil hectares de vegetação nativa destruída. Segundo o IPAM, o estado também lidera nas emissões causadas pelo desmatamento de áreas campestres, totalizando 6 milhões de toneladas.

Mas por outro lado, o estado do Piauí foi o que menos emitiu dióxido de carbono, com cerca de 11,6 milhões de toneladas entre janeiro de 2023 e julho de 2024, menos da metade do total emitido pela Bahia (24,6 milhões).

Os dados de desmatamento, considerando as diferentes classes de vegetação nativa (formações florestais, savânicas e campestres) do Cerrado, foram combinados com dados de estimativas de estoque de carbono por hectare em cada uma destas categorias por estado no bioma, de acordo as referências do Quarto Inventário Nacional de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.