O modesto buraco na camada de ozônio de 2023 foi o 12° maior dos registros, de acordo com a NASA
O buraco da camada de ozônio de 2023 atingiu sua dimensão máxima no dia 21 de setembro, quando registrou área de 26 milhões km²! Apesar de parecer grande, esse foi o 12° maior dos registros, sendo considerado um buraco “modesto” pela NASA.
Todos os anos, desde sua descoberta nos anos 80, as principais instituições científicas do mundo acompanham o surgimento e evolução do buraco que se forma na camada de ozônio que se concentra sobre a Antártica nos altos níveis da atmosfera (estratosfera), através do monitoramento de dados de satélites e balões atmosféricos.
Essa camada de ozônio é o principal escudo protetor da Terra contra os nocivos raios ultravioletas (UV) vindos do Sol. Porém, anualmente um buraco se abre nessa camada, devido a processos químicos influenciados pela concentração de gases chamados clorofluorcarbonos, os CFCs, emitidos pela atividade humana no passado, prejudicando seu efeito de proteção e colocando em risco a vida na Terra.
O ciclo anual do buraco de ozônio já é bem conhecido e acompanha as mudanças de estações sobre a Antártica, já que seu processo de formação depende da incidência de raios solares nesta região do planeta. Geralmente o buraco começa a se abrir no mês de agosto, atinge sua máxima extensão entre o início de setembro e meados de outubro e começa a se fechar a partir de novembro, fechando completamente em dezembro e permanecendo assim até julho do ano seguinte.
Desde o estabelecimento do Protocolo de Montreal em 1987, que proibiu o uso de CFCs, tem sido observado uma gradual diminuição da extensão anual do buraco indicando uma recuperação da camada de ozônio estratosférica, inclusive espera-se que a camada de ozônio se recupere totalmente nas próximas décadas. Por isso, esse acordo internacional é considerado um dos mais bem sucedidos do mundo!
O buraco na camada de ozônio de 2023
De acordo com a NASA, o buraco na camada de ozônio sobre a Antártica atingiu sua máxima extensão neste ano no dia 21 de setembro, quando atingiu uma área de 26 milhões de quilômetros quadrados (km²), tamanho maior que toda extensão territorial do continente norte-americano!
Pelos registros históricos da NASA, que datam desde 1979, este é o 12° maior buraco na camada de ozônio dos registros, sendo considerado um buraco de ozônio “muito modesto”, de acordo com especialistas da agência.
Segundo esses especialistas, a erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai em janeiro de 2022, que lançou uma grande quantidade de vapor d’água na estratosfera, provavelmente contribuiu para a destruição de ozônio sobre a Antártica neste ano, contribuindo para o aumento do buraco.
“Se Hunga Tonga não tivesse explodido, o buraco na camada de ozônio provavelmente seria menor este ano”, disse Paul Newman, líder da equipe de pesquisa de ozônio da NASA. “Sabemos que a erupção atingiu a estratosfera antártica, mas ainda não podemos quantificar o impacto do buraco na camada de ozônio.”
Outra característica relevante do buraco de ozônio formado neste ano é que ele se abriu mais cedo do que o esperado, já no início de agosto, ficando bem amplo entre o final de agosto e início de setembro, até atingir sua extensão máxima no dia 21 de setembro. Em compensação, o buraco também começou a se fechar mais cedo que o esperado, já no final de setembro e início de outubro, mostrando agora uma gradual diminuição.
Os recordes do passado
Pela série histórica da NASA, os maiores buracos na camada de ozônio já registrados ocorreram nos anos de 2000 e 2006, quando atingiram áreas de 29.9 e 29.6 milhões de km², respectivamente. Os menores foram registrados no início da série de dados, após a descoberta do fenômeno, na virada dos anos 80, quando o tamanho não superava os 10 milhões de km².
A partir dos anos 90 as dimensões do buraco na camada de ozônio sempre foram superiores a 20 milhões km², com os maiores valores sendo registrados na primeira década do anos 2000. Desde então, tem sido observada uma pequena tendência de diminuição a partir de 2015, com dois anos registrando valores inferiores a 20 milhões de km², como foram os anos de 2017 e 2019, que registraram buracos de 19.6 e 16.4 milhões de km².