O que é a síndrome do lobisomem que afeta os bebês na Espanha?
Um medicamento vendido sem receita médica nas farmácias seria o responsável pela doença, apelidada de “síndrome do lobisomem”. Veja mais informações aqui.
Não, lobisomens não existem. Mas 11 bebês nascidos na Europa desenvolveram hipertricose, também conhecida como “síndrome do lobisomem”. Do que se trata? É uma doença grave? É transmissível? Fique tranquilo, não é uma doença mortal e ninguém se transforma em um lobisomem sanguinário na lua cheia.
A hipertricose é uma doença caracterizada pelo crescimento excessivo de pêlos. Ocorre em diversas síndromes, desde as menos graves até as mais graves. O crescimento do pêlo pode ser excessivo em todo o corpo ou apenas em algumas áreas. Neste caso, todos os bebês afetados estiveram em contato com um medicamento vendido sem receita médica.
Um medicamento que causa a síndrome
“A detecção desse problema ocorreu após o caso de um bebê que foi crescendo aos poucos e durante dois meses viu aparecerem pêlos nas costas, pernas e coxas”, revela Gabriela Elizondo, chefe da seção de farmacovigilância de Navarra, na Espanha. Depois disso, o centro decidiu investigar o caso.
Os pesquisadores finalmente encontraram a origem da propagação da síndrome do lobisomem. Ao realizarem a pesquisa, os cientistas descobriram que todos os pais de bebês que sofriam de hipertricose haviam usado um medicamento para impedir a queda de cabelo. Medicamento vendido em farmácias e disponível sem receita médica.
Graças ao Centro de Farmacovigilância de Navarra descobrimos então um “efeito adverso grave” do minoxidil. Este conhecido medicamento ajuda a combater a calvície. Só que seu uso em pais de crianças pequenas pode causar hipertricose.
Casos em toda a Europa
Ao conversar com a família de um dos recém-nascidos afetados, os pesquisadores perceberam que o pai estava usando minoxidil 5% topicamente para o tratamento da alopecia androgênica e estava afastado do trabalho há um ano para cuidar do filho, o que lhe permitiu passar muito tempo com ele”, explica Gabriela Elizondo.
Em seguida, o centro procurou outros casos de hipertricose em bebês registrados no FEDRA (Sistema Espanhol de Farmacovigilância). Eles descobriram que outros 6 bebês foram afetados pela síndrome do lobisomem na Espanha. Os pais, cujos bebês têm 9 meses ou menos, são todos usuários de minoxidil.
O centro não parou por aí e realizou extensas pesquisas em toda a Europa, graças à Eudravigilance (a base de dados europeia). E encontraram 11 casos de bebês afetados por hipertricose na Europa. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA), alterou imediatamente as informações que constam na bula do produto.
Como esse medicamento que os pais usam pode ser transmitido aos bebês?
Os pesquisadores do Centro de Farmacologia de Navarra ainda não têm a resposta para esta questão, contudo, têm duas hipóteses. A primeira é devido ao contato pele a pele. Nos bebês, é mais permeável porque o estrato córneo (a parte mais externa da epiderme) é mais fino. Segundo, isso pode ocorrer por via oral, pois não é incomum que os bebês chupem a pele dos pais no local onde aplicaram a loção.
Por isso, é recomendado que as pessoas que utilizam minoxidil lavem bem as mãos após a aplicação do produto e evitem contato com bebês, principalmente nos locais onde o produto foi aplicado. Não deixe o bebê tocar no cabelo ou na barba do pai, por exemplo.