O que é um ciclone bomba?
Nos últimos dias o termo ciclone bomba tomou os noticiários do Brasil. Mas essa não foi a primeira vez que um fenômeno desse tipo aconteceu e nem a primeira vez em que esse nome foi utilizado por meteorologistas do país. Entenda agora o que é um ciclone bomba.
Muitos termos meteorológicos novos estão sendo apresentados à sociedade brasileira ao longo dos últimos anos, ciclone bomba é só mais um. Embora esse nome possa ser novo para muitos, ele já foi utilizado por meteorologistas do Brasil em outras ocasiões.
Ciclone bomba, ciclogênese bomba, ciclogênese explosiva, bomba meteorológica ou bombogênesis utilizado fora do Brasil, são os vários termos que os meteorologistas usam para referenciar a rápida intensificação de um ciclone extratropical, de modo que a pressão central do sistema diminua pelo menos 24 hPa num período de 24 horas.
Eventos explosivos de ciclogênese ocorrem preferencialmente durante o inverno no Atlântico Sul, Noroeste e Sudoeste do Pacífico e no Atlântico Norte. Conhecer os padrões atmosféricos associado ao fenômeno é importante durante o preparo de uma previsão do tempo, uma vez que esse tipo de sistema gera tempo severo.
A rápida intensificação de um ciclone extratropical é favorecida em regiões de fortes gradientes de temperatura entre uma massa de ar muito frio e outra muito quente. No entanto, outros fatores se somam para que haja uma queda súbita da pressão atmosférica. Sobre a área de fortes contrastes térmicos em superfície, é fundamental a presença de uma forte perturbação na corrente de jato que forçará o ar a subir.
A temperatura da superfície do mar é outro ponto relevante para os ciclones bombas. Na costa leste dos Estados Unidos por exemplo, a Corrente do Golfo ajuda a contrastar o ar quente sobre o oceano com o ar frio presente no extremo leste do país. Já no sudeste da América do Sul, a contribuição oceânica para águas mais quentes entre a costa do Brasil e do Uruguai é através da Corrente do Brasil.
Na região próxima do centro de um ciclone bomba, os ventos podem atingir a força equivalente de um furacão (>119 km/h), gerando tempo severo tanto em terra quanto no mar. Em janeiro de 2018, a tempestade de inverno Grayson foi classificada como um ciclone bomba e gerou fortes impactos na costa leste dos Estados Unidos e do Canadá.
Grayson adquiriu o recorde de maior taxa de intensificação em 24 horas para o Atlântico Norte Ocidental, registrando queda de 59 hPa em 24 horas. A pressão central mínima do sistema foi de 950 hPa, o que levou a ventos constantes de 150 km/h e rajadas de até 203 km/h. Fortes nevascas varreram parte do leste da América do Norte, totalizando um saldo de 22 mortes.
Aqui no Brasil, entre a terça-feira e ontem, a rápida intensificação de um ciclone extratropical entre o Rio Grande do Sul e o Atlântico atingiu o critério de ciclone bomba. A redução da pressão no centro da tempestade superou o valor de 24 hPa em 24 horas.
A forte frente fria associada ao sistema de baixa pressão formou uma linha de instabilidade responsável pelo tempo severo da terça-feira (30) na Região Sul. Até o preparo deste artigo, foram reportadas dez mortes em decorrência do mau tempo. Após as tempestades, os ventos fortes e frios de grande escala associados a circulação do ciclone provocaram rajadas superiores a 100 km/h em parte da costa sul do país.