O que sabemos sobre o Anticiclone Lúcifer e a onda de calor européia
Uma onda de calor histórica está atingindo a Europa e seus arredores, causando recordes de temperatura máxima e um pico no número de focos de incêndios florestais. O fenômeno está devastando regiões que vão desde o mediterrâneo até o norte da África.
A Europa e o norte da África estão vivendo dias aterrorizantes para muitas pessoas. A onda de calor que está atingindo os continentes, formada em parte por um anticiclone chamado informalmente de Lúcifer, está causando recordes de temperatura máxima e incêndios em diversos países.
Nesta quarta-feira (11), a Itália registrou a maior temperatura de toda a história na Europa. Bombeiros continuam combatendo incêndios que se desencadearam em toda a Sicília em meio ao calor. Na costa do mar Adriático, o fogo atingiu casas e feriu várias pessoas, além de matar inúmeros animais, destruir plantações, casas e edifícios industriais.
Na Grécia, bombeiros também passaram os últimos dias tentando controlar incêndios que estão entre os mais intensos da história do país, e ameaçam inclusive a capital Atenas. A ilha grega de Évia foi devastada pelo fogo, que destruiu setenta mil hectares de floresta e inúmeras residências.
A onda de calor se estende por todo o Mediterrâneo até o norte da África. Os termômetros atingiram 50,3ºC em Kairouan, na Tunísia, a maior temperatura já registrada na região em toda sua história. A capital Tunis também registrou recordes históricos com uma temperatura de 48,9ºC.
Pelo menos 69 pessoas foram mortas em incêndios florestais que eclodiram na Argélia, destruindo florestas e vilas ao leste da capital Argel, e cobrindo a área montanhosa com grossas nuvens de fumaça. A situação se torna ainda mais crítica pois a região não possui aeronaves de despejo de água. Em Bejaia, a máxima registrada foi de 48,4ºC.
Na Turquia ocorreram mais de 120 incêndios, que mataram pelo menos oito pessoas e feriram outras dezenas. O fogo atingiu inclusive a costa mediterrânea do país e o número de focos registrados está muito acima do normal - Embora, ao norte, chuvas torrenciais estejam provocando inundações e deslizamentos de terra.
Noticiários relataram que os incêndios estavam se espalhando em poucos minutos e que a mudança de direção dos ventos e sua intensidade estava tornando o combate às chamas muito difícil.
O que é um anticiclone? O que causou essa onda de calor histórica?
Devido à variação contínua da pressão atmosférica ao redor de todo o planeta, é comum se formarem regiões distintas de alta e baixa pressão. Enquanto baixas pressões são associadas a tempo úmido e chuvoso, altas pressões são responsáveis por condições de tempo seco e céu aberto que contribuem com a crise européia.
Regiões de baixa pressão são chamadas de ciclones por apresentarem ventos rotacionando com grande intensidade. Regiões de alta pressão são chamadas de anticiclones pois os ventos rotacionam no sentido oposto ao dos ciclones - Que é anti-horário no hemisfério sul, ou horário no hemisfério norte.
Mas além do anticiclone, inúmeros estudos publicados por instituições de vários países indicam que as temperaturas extremas estão se tornando até 10 vezes mais prováveis devido às mudanças climáticas. Estudos sugerem também que ondas de calor como essa, com temperaturas máximas superiores aos 40ºC e mínimas próximas dos 30ºC, se tornarão comuns até o ano de 2050.
O calor prolongado é conhecido por ser muito perigoso para a saúde das pessoas. Uma forte onda de calor na Europa em 2003 foi associada a 75 mil mortes por análises subsequentes. Até o momento, o anticiclone Lúcifer já está sendo associado a um aumento nas internações de emergência em hospitais na Itália.
Quais são os próximos países que a onda de calor irá atingir?
A Espanha será o próximo país europeu a ser atingido por altas temperaturas, à medida que o anticiclone Lúcifer se move para o norte. Lá, as temperaturas também devem atingir valores próximos aos 48ºC e quebrar os recordes nacionais anteriores.
Na sequência, a onda de calor atingirá também Portugal, onde as autoridades estão se preparando para enfrentar os problemas decorrentes do calor. Em ambos os países, o número de incêndios florestais deve aumentar e representará um risco para milhares de habitantes ao longo dos próximos dias.