ONU alerta: volume de resíduos no mundo aumentará de 2,3 para 3,8 bilhões de toneladas até 2050
O relatório Global Waste Management Outlook 2024 (GWMO) da ONU, publicado na quarta-feira (28), analisa a importância de adotar compromissos sobre a gestão de resíduos e as consequências se tudo continuar como está.
A falta de ação na gestão global de resíduos terá um custo elevado para a saúde humana, a economia e o meio ambiente, segundo um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que alerta que a geração de resíduos aumentará de 2,3 bilhões de toneladas em 2023 para 3,8 bilhões em 2050.
O relatório Global Waste Management Outlook 2024 (GWMO) da ONU, publicado na quarta-feira (28) e intitulado "Beyond an age of waste: Turning rubbish into a resource" (“Além da era dos resíduos: Transformar o lixo em recurso"), analisa a importância de adotar compromissos sobre a gestão de resíduos e as consequências se tudo continuar como está .
O relatório salienta que, se os mais de 2 bilhões de toneladas de resíduos gerados anualmente fossem acondicionados em contentores de transporte, juntos marcariam uma distância equivalente a "dar 25 voltas ao redor da Terra na linha do equador, ou seja, mais do que uma viagem de ida e volta até a Lua".
É urgente iniciar uma redução drástica de resíduos
A crise será ainda mais grave nos países onde os métodos de tratamento continuam a ser poluentes: aterros (contaminação do solo, emissões de poluentes e gases de efeito estufa, como o metano) e incineração sem recuperação.
“A geração de resíduos está intrinsecamente ligada ao PIB e muitas economias em rápido crescimento estão lutando sob o fardo do rápido crescimento dos resíduos”, disse Inger Andersen, diretora executiva do PNUMA, que acrescentou que os governos devem “evitar perder oportunidades para criar sociedades mais sustentáveis e garantir um planeta habitável para as gerações futuras”.
"Se não forem tomadas medidas urgentes na gestão de resíduos, até 2050 o custo anual global poderá quase duplicar até alcançar a cifra assombrosa de 640 bilhões de dólares", alertou o PNUMA no relatório.
Em 2020, o custo direto do tratamento de resíduos foi estimado em 252 bilhões de dólares (361 bilhões de dólares se forem incluídos os custos indiretos relacionados com a poluição gerada por instalações ou métodos de gestão inadequados).
Por isso, é “urgente” iniciar uma “redução drástica dos resíduos” e investir na economia circular, apelou a ONU. Manter os resíduos “sob controle”, especialmente através de melhores métodos de tratamento, poderia limitar o seu custo líquido anual a 270 bilhões de dólares até 2050.
Mas é possível ir mais longe, avançando em direção a uma verdadeira economia circular, melhores práticas industriais e uma gestão completa de resíduos, o que poderia até gerar um benefício líquido de mais de 100 bilhões de dólares por ano, argumenta o relatório.
A poluição não conhece fronteiras
“O mundo precisa urgentemente mudar para uma abordagem de desperdício zero, melhorando simultaneamente a gestão de resíduos para evitar poluição significativa, emissões de gases de efeito estufa e impactos negativos na saúde humana”, aponta Zoë Lenkiewicz, autora principal do relatório.
Lenkiewicz acrescenta: “A poluição causada pelos resíduos não conhece fronteiras, por isso é do interesse de todos comprometer-se com a prevenção de resíduos e investir na gestão dos mesmos onde. As soluções estão disponíveis e prontas para serem ampliadas. O que é necessário agora é uma liderança forte para definir a direção e o ritmo necessários e garantir que ninguém seja deixado para trás”.