Onda de calor nos Alpes da Europa aumenta os riscos de acidentes
Esses eventos extremos estão atrelados às mudanças climáticas que tem se intensificado nos últimos 60 anos, e uma destas consequências é o derretimento de geleiras nos Alpes centrais da Europa.
Recentemente, a Europa vem sofrendo com a intensa onda de calor que causou inúmeras consequências, entre elas, a ocorrência de incêndios florestais, desconfortos respiratórios e até mesmo a morte de algumas pessoas.
De acordo com o MetOffice, o Reino Unido registrou sua temperatura mais alta de 40,3°C e inúmeros alertas de calor extremo foram emitidos na França com o intuito de orientar a população. Na porção Noroeste da Espanha, duas pessoas morreram em incêndios florestais, e os trens da área foram interrompidos por causa do grande risco do fogo atingir os trilhos.
Segundo os climatologistas, as ondas de calor tornaram-se mais frequentes, mais intensas e devido às ações humanas, são mais longas.
Os Alpes são grandes pontos turísticos da Europa, e todo verão atrai diversos turistas e “hikers” que almejam realizar trilhas e admirar a beleza do alto das montanhas. Cerca de 120 milhões de turistas visitam anualmente os Alpes, com o intuito de aproveitar os benefícios dos complexos hoteleiros ou até mesmo aproveitar a variedade de atividades ao ar livre.
Normalmente, durante o verão boreal, ainda é possível desfrutar da neve para realização de esportes, como escalada, caminhada, voos de parapentes e visitação de geleiras.
Entretanto, o verão deste ano está sendo atípico por causa do aquecimento antes do tempo. Este ano, a neve havia derretido no início de julho, um mês antes do recorde anterior, ou seja, o gelo está derretendo cada vez mais cedo durante o verão, o que normalmente duraria até o final da estação.
Acessar geleiras que estão derretendo em ritmo acelerado este ano também traz riscos.
Temperaturas mais elevadas são sinónimo de menos gelo e afetando até mesmo a camada congelada do subsolo da crosta terrestre, a permafrost. O derretimento do gelo nos Alpes europeus, tornam as rotas muito perigosas e favorece repetidas quedas de rochas, tornando o local perigoso e suscetível a acidentes.
Acidente fatal nos Alpes da Itália
A queda de blocos de gelo e rochas de grandes proporções causou a morte de 11 alpinistas nos Alpes da Marmolada, localizado nas encostas norte do pico mais alto das Dolomitas italianas. Segundo estudos, a Marmolada perdeu 80% do seu volume desde 1950, podendo desaparecer em 15 anos. Este também é o cenário de outras geleiras alpinas, que possuem fendas cada vez maiores, ocasionando riscos aos alpinistas.
Por outro lado, na França, a principal rota de Chamonix até o Mont Blanc, foi interditada por causa do risco de queda de rochas, que podem provocar fatalidades. Essa decisão afetou o turismo da região, em que os guias costumam levar milhares de turistas por ano aos picos mais altos da Europa. Porém, é uma ação necessária em virtude das condições delicadas que estão associadas ao aumento significativo da temperatura.
Nos Alpes, o choque cada vez mais declarado no século 21 entre o turismo glacial e a crise climática está afetando alguns dos mesmos ambientes que atraíram diversos turistas para as altas montanhas, além de gerar um número cada vez maior de acidentes.
Fechar um dos principais pontos turísticos da Europa seria inexequível e injusto, além de economicamente devastador. Mas sem essas medidas de segurança nos acessos dos Alpes, a fatalidade seria ainda maior, colocando em risco milhares de vidas que transitam anualmente por essa região.