Os cenários do Nordeste: chuva em excesso e aumento de queimadas
Nordeste vive dois cenários distintos quanto às condições do tempo. Enquanto alguns estados registram excesso de chuva, outros apresentam aumento no número de focos de queimadas. Chuva já ultrapassa a média climatológica de maio em alguns estados.
Chuva acima da média e estiagem, os dois cenários que dividem a região Nordeste do Brasil atualmente. O mês de maio mal começou e já há registros de chuva acima da climatologia em áreas de alguns estados do território nordestino, é o caso do Maranhão, do Piauí, do Ceará e do Rio Grande do Norte.
A chuva não tem dado trégua e os acumulados têm sido significativos especialmente sobre a esta faixa norte da região devido a atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), faixa de nuvens mais carregadas que se forma em áreas mais ao norte do Brasil.
Segundo dados do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE), desde o início do mês até agora já foram registrados mais de 50mm nessas áreas influenciadas pela ZCIT, com destaque para os mais de 100mm entre o norte do estado maranhense e o norte piauiense.
Chuva no leste do Nordeste
Enquanto a Zona de Convergência Intertropical atua na faixa norte nordestina, a chuva em áreas do leste da região é influenciada por instabilidades em altos níveis da atmosfera, pela circulação dos ventos úmidos que sopram do mar contra à costa e até mesmo pela passagem de frentes frias como aconteceu nos últimos dias entre a costa da Bahia e o estado de Sergipe.
Desta faixa leste, o destaque vai para o estado de Alagoas que registrou nesses primeiros dias de maio uma anomalia positiva de precipitação, ou seja, já choveu mais que a média esperada para o mês todo em praticamente todo o estado. Áreas mais próximas à costa registraram mais de 75mm nos últimos dias.
Além do estado de Alagoas, outros pontos da faixa leste nordestina também já ultrapassaram a climatologia de chuva do mês de maio. A anomalia positiva já vem sendo registrada no interior da Paraíba, partes isoladas de Pernambuco e no extremo norte da Bahia.
Em cenário reverso, seca aumenta queimadas
Enquanto a chuva tem sido bastante frequente e com acumulados significativos em áreas da faixa norte e do leste da região Nordeste, um cenário totalmente reverso preocupa no sertão e agreste nordestino. O interior do Nordeste não registra chuva significativa há pelo menos duas semanas, em algumas áreas o tempo de estiagem é muito maior.
Uma das grandes preocupações da seca prolongada é o aumento no número de focos de queimadas, e isto tem sido inevitável no Nordeste. Os números assustam, são maiores comparados ao mesmo período do ano passado.
Com mais de mil focos de incêndios registrados, o estado da Bahia já alcança o segundo lugar no ranking do número de queimadas em 2021, o número chama a atenção comparado ao mesmo período do ano anterior. Em 2020, de janeiro até o início de maio foram contabilizados 554 focos, hoje são 1044 no estado baiano, um aumento de 88%.
Vale ressaltar que o estado do Maranhão, apesar de chuva acima da média em sua porção norte neste início de maio, também tem registrado um alto número de queimadas em 2021 ocupando a sétima posição do ranking atual. Desde o início do ano até o momento foram 527 focos de incêndio, contra 324 do ano passado, um aumento de 62%.
Próximos dias
No decorrer desses próximos dias pouca coisa deve mudar na maior parte do Nordeste. A ZCIT ainda será responsável por organizar nuvens carregadas sobre a faixa norte nordestina, com volumes que ainda podem ser significativos entre o norte do Maranhão, norte do Piauí e norte do Ceará.
Também são esperados volumes expressivos em áreas costeiras desde o Recôncavo Baiano até Recife devido a influência dos ventos úmidos que sopram do mar contra à costa. Não se descarta a chance de deslizamentos de encostas em áreas mais vulneráveis onde o solo já se encontra mais encharcado.
Por outro lado, o tempo seco não deve dar trégua no interior da região Nordeste. A expectativa é de sol, pouca presença de nebulosidade e temperaturas elevadas ao longo da semana. Atenção redobrada com os baixos índices de umidade relativa do ar. As queimadas devem continuar devido ao solo e a vegetação mais seca.