Outono sem La Niña: o que esperar das temperaturas? O frio já pode chegar?
Com o fim do verão se aproximando, teremos um outono sem a influência do fenômeno La Niña. Quais serão os impactos de um Pacífico neutro no frio de 2023? Teremos um outono mais quente?
Foram três anos sob efeito do fenômeno La Niña e diversos momentos de tensão com relação às baixas temperaturas, com recordes atrás de recordes, com fortes e abrangentes geadas afetando inclusive o agronegócio brasileiro de uma forma que não era vista há muito tempo, isso sem falar, é claro, das tristes notícias com mortes de moradores de ruas expostos as noites mais frias do ano.
O ano de 2023 começou com o registro de altas temperaturas e ondas de calor afetando o Rio Grande do Sul, estado que já vem sendo afetado pelo tempo seco. Com a falta de chuva, o calor extremo só piora a situação. De fato não podemos esquecer que estamos no verão, mas a estação mais quente do ano está com os dias contados.
Pacífico sem influência do La Niña
O outono de 2023 vai começar no dia 20 de março e vai até o dia 21 de junho. Mesmo faltando algumas semanas para a virada de chave das estações do ano acontecer, muitos já se perguntam sobre o comportamento das temperaturas e que frio podemos esperar, afinal, desde 2020, as estações mais frias do ano tiveram influência do resfriamento da água superficial do Oceano Pacífico, o que induziu fortes e duradouras ondas de frio no centro-sul do país, e também episódios de friagens no Norte e Nordeste.
Nesses meses de janeiro e fevereiro já foram registradas mudanças no comportamento das anomalias de temperatura no Pacífico Leste e Central, em que o fenômeno La Niña deixou de influenciar o oceano, porém, ainda se mostra presente de certa forma na atmosfera.
A questão é que daqui pra frente, a tendência é para a instalação de uma neutralidade das condições oceânicas com viés positivo nos próximos meses, ou seja, há potencial inclusive para a instalação de um fenômeno El Niño no segundo semestre, influenciando não só o oceano, mas a atmosfera também.
Sem a influência do fenômeno La Niña, o que esperar de fato com relação ao comportamento das temperaturas? Para essa reta final do verão pode ser que nenhuma grande mudança seja de fato perceptível, mas esse impacto do fenômeno tende a ficar mais claro com a entrada do outono.
O que esperar do outono de 2023
De modo geral, mesmo sendo uma estação mais fria, as simulações mais recentes de modelos climáticos como o ECMWF mostram uma temperatura acima da média para os próximos três meses (março, abril e maio). O que não significa que a temperatura não possa e não vá cair.
Podemos ter sim, noites, manhãs e até tardes com temperaturas amenas a depender da situação do tempo e da formação de sistemas, porém, na média, o outono deste ano não deve ter episódios tão intensos, freqüentes e abrangentes de frio, ou seja, com um outono mais quente aqueles recordes de menores temperaturas já registradas não devem ser destaque como nos últimos anos.
O mês de março até vai começar com temperaturas em queda entre Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, mas isso por conta do tempo fechado e as pancadas de chuva mais persistentes. Por outro lado, o oeste gaúcho continuará sendo afetado pelo calor. Depois disso, também teremos queda de temperatura chamando a atenção sobre o Brasil Central.
Quando o outono começar, boa parte do Brasil pode registrar anomalias negativas de temperatura, mas nada considerado fora do normal, ou seja, ainda não será uma onda de frio e muito menos um risco de geada, e sim apenas uma pequena trégua do calorão. Além do ECMWF, outros modelos climáticos também já começaram a fazer suas projeções para os próximos meses, e sim, está bem longe e isso pode mudar, afinal é apenas uma tendência, uma projeção de um cenário futuro.
Aas simulações mais recentes do modelo CFS apostam que a primeira queda mais significativa de temperatura só aconteça no comecinho de abril e que o episódio mais organizado com potencial para ser a primeira onda de frio de 2023 aconteça entre os dias 11 e 13 de maio, com temperaturas abaixo dos 5°C em áreas desde o Rio Grande do Sul até o sul de Mato Grosso do Sul.