Pantanal e Amazônia estão ardendo em chamas
Pantanal e Amazônia, dois dos principais biomas brasileiros, responsáveis por abrigar e proteger grande parte da rica biodiversidade do país, estão sofrendo com grandes incêndios florestais nesse ano. A situação infelizmente pode piorar, já que estamos ainda no início da estação seca.
Pantanal e Amazônia, dois dos principais biomas do Brasil, perdem todos os anos parte de sua vegetação nativa através de atividades como desmatamento e queimadas, nesse ano isso não foi diferente. Em 2020, além de continuarmos a observar esses ricos biomas perderem parte de sua vegetação nativa pelo fogo, estamos observando um preocupante aumento de incêndios.
Na Amazônia brasileira foram registrados 2 248 focos ativos de incêndio no último mês de junho, de acordo com o Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), um aumento de 19.6% em relação a junho de 2019. Essa foi a primeira vez desde 2007 que foi ultrapassado o número de 2000 focos de incêndio num mês de junho.
Desde janeiro até junho desse ano, 7 903 focos foram detectados pelo INPE, número menor que o registrado nesse mesmo período no ano passado, que registrava 10 606 focos de queimada. De qualquer forma, o súbito aumento registrado no mês de junho é preocupante, pois é a partir desse mês que se inicia a estação seca em grande parte da região amazônica, período muito propício a proliferação de incêndios de grandes magnitudes.
Uma nota técnica divulgada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) revela um dado extremamente preocupante, uma área desmatada de pelo menos 4 500 km² na Amazônia, equivalente a três vezes o município de São Paulo, está pronta para ser queimada. Essa estimativa é o resultado da soma da área de floresta que foi derrubada no ano passado e nos primeiros quatro meses desse ano. Essa vegetação tombada poderá virar fumaça nos próximos meses da estação seca.
Se isso ocorrer, 2020 poderá ter uma temporada de queimadas tão intensa quanto a de 2019, que registrou mais de 89 mil focos de incêndios no total, um aumento de 30% na comparação com os números de 2018. No ano passado o mês de agosto foi o que apresentou o maior número de focos, com um total de 30 901, o maior desde 2006.
No Pantanal a situação é ainda mais crítica, desde o dia 1º de janeiro até 7 de julho 2 706 focos foram detectados, o que representa um aumento de 172% em relação ao mesmo período do ano passado. Os meses mais críticos foram março e abril, com 602 e 784 focos de queimadas registrados, respectivamente, os maiores números já registrados desde o início do monitoramento de queimadas do INPE em 1998.
Dois grandes incêndios têm chamado a atenção, juntos eles já consumiram mais de 20 mil hectares de vegetação, o equivalente a 40 campos de futebol. Um desses focos está ativo a mais de 8 dias próximo a cidade de Corumbá, Mato Grosso do Sul, queimando a vegetação entorno da Serra do Amolar.
Junho também marca o início da estação seca no Pantanal, região que costuma registrar umidades relativas muito baixas no meio do ano, da ordem de 30 a 20%, que quando conciliadas as altas temperaturas e vento podem contribuir para o avanço descontrolado das chamas. Além disso, essa região já vinha apresentando chuvas abaixo da média desde o início do ano, o que piora ainda mais a secura da terra.
Esse aumento de queimadas preocupa os especialistas da saúde, já que elas geram um grande impacto na saúde publica dos estados que abrigam esses biomas. Durante a temporada de queimadas há um aumento de internações relacionados a problemas respiratórios e cardiovasculares. Esse provável aumento de internações aliado ao avanço do coronavírus nessas regiões podem levar o sistema de saúde ao colapso.