Pantanal e Cerrado registram o maior número de incêndios em 30 anos e a Amazônia enfrenta o pior cenário em 20 anos

O Pantanal tem o maior número de focos de incêndio em 30 anos, desde o início das medições. O Cerrado e a Amazônia também estão sendo afetados pelas queimadas, inclusive com novos recordes.

Numero de focos de incêndios no Pantanal, Cerrado e Amazônia atingem novo recorde no primeiro semestre de 2024. Foto: Governo MS.

Nesta última segunda-feira (24), o governo do Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência por causa dos incêndios no Pantanal. O decreto vale para as cidades atingidas pelo fogo. Os números de focos de incêndio já superam o de 2020, quando houver recorde de devastação no bioma.

PANTANAL

Neste domingo (23), um vídeo chamou atenção na cidade de Corumbá, onde os moradores estavam participando de uma festa enquanto, do outro lado da cidade, uma queimada tomava conta da vegetação nativa.

Entre 22 e 23 de junho, o Pantanal registrou 256 focos de calor, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Em Mato Grosso do Sul foram 248 focos e a cidade de Corumbá concentra 85,2% dos focos no Pantanal.

A área devastada pela queimada chegou a 627 mil hectares, sendo 480 mil no estado do Mato Grosso do Sul e 148 mil em Mato Grosso.

Apenas no primeiro semestre de 2024, o Pantanal registrou 3.262 focos de incêndio, representando um aumento em comparação com o mesmo período de 2020, quando foram registrados 2.534 focos de incêndio. O cenário atual é o pior desde o início do registro do INPE, em 1988. Na região do Rio Paraguai foram notificados 1.720 incêndios até o momento, sendo que em junho de 2005 foram 435 focos.

AMAZÔNIA

Além do Pantanal, o bioma amazônico também está sofrendo com os altos índices de incêndios. Entre 1 de janeiro e 24 de junho deste ano, a Amazônia registrou 12,7 mil focos de incêndio, sendo 2128 focos apenas nos primeiros 24 dias do mês de junho. Anteriormente, o recorde de queimadas tinha sido nos primeiros semestres de 2003 e 2004, com 4,6 mil e 14,4 mil focos, respectivamente.

Os índices de queimadas no primeiro semestre de 2024 na Amazônia são os mais altos dos últimos 20 anos no Brasil.

O número de focos de incêndio na Amazônia registrou um aumento de 76% no primeiro semestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado. Geralmente, as queimadas na Amazônia tem relação com a retirada da vegetação nativa para a expansão agrícola.

Porém, neste ano, a combinação de fatores como, diminuição do desmatamento e o aumento do número de focos de incêndio, sugerem que as queimadas estão relacionadas com a mudança climática.

CERRADO

No Cerrado, entre 1 de janeiro e 24 de junho, foram detectados 12,1 mil focos de incêndio, e só neste mês de junho foram 4.143 focos. A grande parte das ocorrências, cerca de 53,3% foram registradas nos quatro estados do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

Queimadas
Numero de focos de incêndios no Pantanal, Cerrado e Amazônia no mês de junho. Fonte: INPE.

Em quase todos os biomas brasileiros houve aumento do número de queimadas no primeiro semestre, em comparação ao mesmo período de 2023. A única exceção é o Pampa, que tem sido atingido por chuvas intensas.

A Matopiba é a fronteira agrícola que mais cresce, em área plantada, em todo o Brasil atualmente.

Além das mudanças climáticas, a ação humana no Cerrado também contribui para o aumento no número de incêndios, assim como no Pantanal, uma vez que os biomas estão interconectados. O desmatamento no Planalto do Cerrado, onde estão as cabeceiras dos rios que abastecem a Planície Pantaneira, contribui para a seca extrema no Pantanal.