Pantanal explode em focos de incêndio e é a pior situação em 26 anos. Amazônia e Cerrado também registram queimadas
Pantanal atinge o recorde de 1367 focos de incêndios registrados em junho. Cerrado e Amazônia também sofrem com aumento de queimadas, e previsão indica agravamento da situação nos próximos meses.
O bioma Pantanal está enfrentando um aumento no número de focos de incêndios neste mês de junho, colocando em risco a vegetação nativa e a biodiversidade regional. O Pantanal está completamente seco no primeiro semestre, referente à estação chuvosa do bioma.
1367 focos de incêndio registrados na primeira quinzena de junho
Segundo dados do Mapbiomas, houve uma redução significativa na superfície de água no Pantanal entre 1985 e 2022. Nos anos de seca extrema, a redução foi de 66%, passando de 4,7 milhões de hectares em 1986 para 1,6 milhões de hectares em 2021.
O Pantanal registrou o maior número de focos de incêndio para o mês de junho desde 1998, quando o índice começou a ser contabilizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Até o dia 17 de junho foram registrados 1367 focos de incêndios no bioma, e nos 6 meses de 2024, quase 350 mil hectares foram atingidos pelas queimadas.
Geralmente, a temporada de incêndios começa em meados de agosto e setembro, mas este ano as queimadas começaram mais cedo e de maneira muito mais agressiva, com uma intensificação dos focos de incêndio nos últimos 20 dias.
O Pantanal é um bioma adaptado ao fogo, mas tem enfrentado incêndios de grandes proporções, ou seja, além das queimadas, o bioma também sofre com a seca extrema. Só no ano de 2023, foram mais de 600 mil hectares queimados no Pantanal.
Cerrado e Amazônia também estão sofrendo com os focos de incêndio
Não é apenas o Pantanal que está sofrendo com os focos de incêndio, o Cerrado também enfrenta algo semelhante. Desde o início de 2024 até o dia 17 de junho, o Cerrado já registrou 10.777 focos de queimadas, que representa um aumento de 31% em comparação ao mesmo período do ano passado, com 8.157 focos.
De acordo com os especialistas, as queimadas no Matopiba estão relacionadas ao desmatamento para expansão agrícola, assim como no bioma da Amazônia, que também vem registrando aumento no número de queimadas. Durante o mês de junho foram registrados 1403 focos de incêndios na Amazônia e 2765 no Cerrado.
A Amazônia é um bioma extremamente sensível ao fogo, enquanto o Cerrado é adaptado ao fogo e depende de queimadas naturais para manter o ecossistema, porém, incêndios de grande magnitude podem prejudicar o bioma. Juntos, o Cerrado e a Amazônia concentraram cerca de 86% da área queimada pelo menos uma vez no Brasil nos últimos 40 anos.
Previsão indica pouca ou nenhuma chuva nos próximos meses
As projeções do modelo europeu ECMWF mostram que, durante o trimestre de Julho, Agosto e Setembro, as chuvas devem ficar abaixo da média na porção central do Brasil, englobando áreas do Pantanal, nos estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, parte da Amazônia, principalmente na parte central do Amazonas, e do Cerrado.
Climatologicamente, este período é considerado seco para esta região, então normalmente já se esperam poucos ou nenhum acumulado de precipitação. Mas como o período de queimadas começou mais cedo este ano, ainda no primeiro semestre, principalmente no Pantanal, as condições devem piorar durante a estação seca da região, pois as condições de altas temperaturas e baixa umidade do ar favorecem a propagação de incêndios.
Além disso, as mudanças climáticas estão agravando a propagação e intensidade das queimadas, com previsões de aumento de temperatura que podem atingir 5 a 7°C no Pantanal.