Parque de Monte Alegre é listado como patrimônio ameaçado de extinção
Localizado no oeste do Pará, o Parque Estadual de Monte Alegre possui pinturas rupestres e resquícios históricos inestimáveis dos povos antigos da América do Sul, mas está prestes a desaparecer.
As mudanças climáticas já são um consenso entre cientistas de todo o mundo. Pesquisas de origens diversas, como China, Rússia, Europa, Estados Unidos e até mesmo Brasil indicam, em conclusão, que elas estão acontecendo muito mais rápido do que esperávamos.
E o pior: Em meio a todas as catástrofes que já estão acontecendo, a maior parte dos compromissos climáticos de empresas e países não estão sendo cumpridos, o que mostra que as grandes lideranças não estão levando o problema a sério. E o mundo pagará um preço alto por isso.
Em sua publicação mais recente, o World Monuments Watch, parte de uma organização sem fins lucrativos, destacou 25 locais do planeta considerados patrimônios culturais extremamente significativos para a história, mas que estão prestes a sumir devido, principalmente, à destruição climática causada pelo ser humano.
O Brasil está na lista de monumentos prestes a sumir?
A cada dois anos, o projeto adiciona novos pontos de relevância à sua lista, com o objetivo de conscientizar e ajudar a angariar fundos para a proteção dos locais. A seleção foi realizada a partir de uma chamada que recebeu centenas de inscrições e passou por uma análise criteriosa de órgãos internacionais.
A lista já conta com vários pontos em território brasileiro, mas este ano a adição do Parque Estadual Monte Alegre chama a atenção. A indicação foi resultado de um relatório coordenado pelos arqueólogos Claide Morais (UFOPA) e Edithe Pereira (MPEG), em parceria com a plataforma Cipó.
Monte Alegre está situado no oeste do Pará. Em seus 5800 hectares, possui um complexo de serras, cavernas, diversas espécies ameaçadas de extinção e o mais impressionante: Sítios arqueológicos com pinturas e gravuras rupestres deixadas pelos primeiros habitantes da região, que datam de até 12 mil anos atrás.
Este é, portanto, um dos sítios de ocupação mais antigos das Américas. As pinturas abundantes são as mais antigas de toda a Bacia Amazônica. No mesmo local, também há registros de cerâmicas que desconstruíram a visão errada de que os povos da Amazônia nunca desenvolveram sofisticação cultural e tecnológica no passado.
O maior desafio enfrentado atualmente pelo parque é a degradação causada pela expansão da agricultura e da criação de gado na região. Projeções climáticas recentes apontam ainda que a região tende a ficar cada vez mais seca no futuro, aumentando o risco de incêndios de grande escala. Ainda há sítios arqueológicos na região que não foram estudados pelos cientistas e correm o risco de sumir para sempre.
Até o momento, a organização responsável pela lista relata ter contribuído diretamente com mais de 110 milhões de dólares para projetos de conservação em mais de 300 locais. Os habitantes também obtêm benefícios econômicos significativos com o aumento da visibilidade turística que a lista de destaques traz. Mas isso não é o suficiente.
É fato que o Brasil ainda não está se preparando para as mudanças que o aquecimento global trará nas próximas décadas. Portanto, a pergunta que essa lista deixa em nossas mentes é: Será que algum dia prestaremos atenção no clima e cuidaremos daquilo que é nosso? Ou será que toda nossa herança cultural está fadada a desaparecer?