Pela primeira vez, o planeta ultrapassa o perigoso limiar de 2°C de aquecimento!
Pela primeira vez nos registros diários de temperatura média global, o grau de aquecimento do planeta superou os 2°C, limite considerado extremamente perigoso para o planeta, de acordo com o Acordo de Paris. Isso quer dizer que falhamos?
O ano de 2023 tem sido excepcionalmente anômalo em diversos aspectos climáticos e desde o início tem registrado recorde atrás de recorde, principalmente em relação às temperaturas globais, tanto dos continentes quanto dos oceanos, o que já coloca esse ano como o mais quente em 125 mil anos.
O mais novo e preocupante recorde quebrado foi registrado no último dia 17 de novembro, dia em que a temperatura média do planeta excedeu pela primeira vez o limiar de 2°C de aquecimento! De acordo com os dados preliminares do produto de reanálise ERA5, do ECMWF, no dia 17 do último mês a temperatura do planeta esteve 2,06°C acima da média do período pré-industrial, de 1850 a 1900, e 1.17°C acima da média de 1991 a 2020, a maior anomalia registrada até então.
Em março deste ano, as médias diárias da temperatura global já haviam superado o limiar de 1.5°C de aquecimento em relação aos níveis pré-industriais, algo que surpreendeu e alarmou os cientistas e pesquisadores do clima na época. Porém, do meio do ano em diante, por diversas vezes esse limiar foi ultrapassado, inclusive a partir de setembro nenhum dia teve uma anomalia inferior a +1.5°C, o que acende um grande alerta climático para o mundo, principalmente agora que passamos do limiar de 2°C.
E agora? Como fica o Acordo de Paris e a mitigação das mudanças climáticas?
Em 2015, 195 nações do mundo se comprometeram em reduzir as emissões de gases de efeito estufa através do Acordo de Paris, com o intuito de limitar o aquecimento global, mantendo-o bem abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais e, se possível, limitar o aquecimento a até 1.5ºC.
Mas agora, com o limiar de 2°C ultrapassado neste mês, isso quer dizer que o mundo falhou com o compromisso estabelecido? Não, ou melhor, ainda não. Os recordes de anomalias de temperatura registrados, acima de 1.5°C e 2°C, neste ano se referem a dados de anomalia diária, ou seja, se referem ainda a um estado momentâneo do planeta. Mesmo se for registrado por diversos dias.
Os níveis de aquecimento estabelecidos no Acordo de Paris referem-se a anomalias anuais da temperatura média do planeta, que persistem por mais de um ano. Esses limiares, de 1.5°C e 2°C, de aquecimento do planeta foram escolhidos pois, de acordo com o Painel Intergovernamental das Alterações Climáticas (IPCC), a partir deles o processo de aquecimento global se agravaria a ponto de destruir ecossistemas inteiros, desaparecer com grandes geleiras, aumentar o nível do mar em níveis perigosos, entre outros danos considerados irreversíveis para o planeta.
Por esse motivo, devemos encarar esse novo recorde como um urgente alerta vermelho do nosso planeta, pois quanto mais frequente o aquecimento de 1.5°C e 2°C for ultrapassado diariamente, isso quer dizer que mais perto o mundo está de ultrapassar essas marcas a longo prazo, o que acarretaria em mudanças extremamente prejudiciais.