Período seco antecipado na Região Norte coloca em risco a produção de energia e a navegabilidade dos rios
Região Norte enfrenta antecipação do período seco e autoridades já preparam o planejamento emergencial. A previsão indica pouquíssimas chuvas para os próximos meses.
Depois da maior seca dos últimos 100 anos, em 2023, os pesquisadores indicam que os atuais níveis do rios Amazonas, Acre, Negro e Solimões podem alcançar um novo minimo histórico neste ano.
O secretário da Defesa Civil do Amazonas, Francisco Máximo, afirmou nesta semana que o período de estiagem no estado do Amazonas deve ser adiantado em 30 dias, pois os impactos já serão sentidos em julho.
O governador do Amazonas, Wilson Lima, anunciou durante uma coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (20), na Sede do Governo, que um decreto de estado de emergência deve começar a valer em 10 dias. A emergência climática será decretada devido à forte estiagem prevista de forma severa para os meses de julho e agosto, que já afeta os rios Amazonas, Juruá, Purus e Alto Solimões.
Abastecimento de água potável, logística para a manutenção do funcionamento da rede educacional e ajuda humanitária são alguns dos aspectos presentes no cronograma de atividades.
Nível dos rios começam a decair antes do previsto
O rio Solimões entrou em recessão no município de Tabatinga, com redução média diária de 15 centímetros, em alguns dias do mês de junho chegou a 30 centímetros de redução. Os moradores da região já estão apreensivos e se preparam para enfrentar uma seca severa prevista para 2024.
A cota do rio Solimões em Tabatinga é de 690 cm, considerada muito baixa para esta época, tendo em vista que saímos de um ano muito seco. A cota do rio Madeira em Porto Velho é de 671 cm, segundo a atualização do dia 21 de junho de 2024.
Assim como o Solimões, o rio Madeira também está em recessão, com diminuição acentuada em Porto Velho e Humaitá. O rio Negro, por sua vez, apresenta cota máxima no mês de junho e, a partir de julho, tende a iniciar seu processo de recessão, mas ainda continua com níveis abaixo da média.
A cota da bacia influencia diretamente a Energia Natural Afluente (ENA), que representa a energia produzível pela usina, levando em consideração a vazão dos reservatórios. O subsistema Norte apresentou o 3º menor valor da ENA durante o mês de junho. É possível observar que o período seco do ano passado foi muito desfavorável para a região norte, assim como o período úmido, em que não foram observados grandes valores de vazão.
As comparações com o ano passado indicam que os níveis dos rios estão significativamente abaixo da média, o que já começa a impactar as comunidades locais, visto que os rios funcionam como estradas para o escoamento da produção de alimentos para a subsistência dessa população.
A previsão indica pouquíssimas chuvas para o trimestre Julho-Agosto-Setembro
A tendência para o trimestre Julho-Agosto-Setembro, segundo a normal climatológica, é de pouca precipitação para região Norte, exceto no extremo norte do Amazonas e no estado de Roraima, onde o acumulado previsto é de 400 a 700 milímetros.
E a previsão não destoa muito dessa climatologia, com baixos acumulados de precipitação nos estados do Acre, Amazonas, oeste do Pará e Rondônia. Por outro lado, a tendência é de maiores acumulados de chuva no estado do Amapá, o que difere da normal climatológica para este período de Julho-Agosto-Setembro.
Em resumo, a estação do inverno tende a ser caracterizada por pouquíssimos ou nenhum acumulado de precipitação, principalmente no oeste e leste do Amazonas e na porção central do Pará.
Os rios do Norte não conseguiram se recuperar após a estiagem de 2023, e o cenário atual levanta a possibilidade de uma seca tão severa quanto a do ano passado, ou até mesmo pior. A recomendação das autoridades é que a população que mora em áreas vulneráveis comecem a armazenar água, alimentos e remédios.