Período seco e queimadas no Brasil: o pior ano para o Pantanal
A estação seca no Brasil vem sendo alvo de polêmicas nos últimos anos em relação à quantidade de focos de incêndio. Veja aqui os dados oficiais e como os focos de incêndio estão distribuídos pelo país.
A estação seca na América do Sul se inicia por volta do mês de Maio e se estende até Setembro, sendo os meses de Agosto e Setembro os mais críticos em relação à umidade do ar, uma vez que as maiores temperaturas do ano são registradas nesse período devido à ausência de chuva e pela incidência mais efetiva dos radiação solar, que proporcionam um maior aquecimento da superfície.
Essa combinação gera todos os anos um aumento expressivo do número de foco de incêndio, variando de intensidade a cada ano dependendo das condições climáticas, que podem intensificar ou atenuar a estação seca e atingir de forma diferente cada bioma.
Neste ano a estação seca não está sendo tão diferente em relação a média. Analisando o mês de Agosto, quando comumente se registra um salto no número de queimadas, não houveram registro de chuvas expressivas no Brasil Central. No entanto, a amplitude térmica foi maior, com máximas acima da média desde o Pará até o Mato Grosso do Sul. Vale destacar à região do sudoeste do Mato Grosso, oeste e norte do Mato Grosso do Sul, onde se localiza o pantanal, a região mais afetada este ano pelas queimadas.
Essa condição foi se agravando ao longo de Agosto e para este mês de Setembro a tendência é de que as temperaturas atinjam os maiores valores do ano e a umidade relativa, os menores. Com mudança de padrão somente no final do mês.
O que os dados de focos de incêndio no diz sobre este ano?
As informações obtidas foram retiradas do painel do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), cujos os dados disponíveis compreendem o período de 1998 até o mês atual.
O ano de 2020 até o momento está com um total de foco de incêndio em torno de 125.000. Se analisarmos somente este valor, este ano não está sendo um dos piores. No entanto, essa análise é equivocada já que está sendo considerado somente o valor total até o dia 12 de Setembro.
Além disso, este ano possui potencial de se igualar e até mesmo figurar entre os piores dos últimos 10 ano, uma vez que há grande chance para que haja um aumento dos incêndios, em vista de uma previsão de manutenção do tempo seco até pelo menos o início de Outubro, quando as chuvas retornam, mas de forma irregular não contribuindo de forma efetiva para o aumento da umidade do solo.
O cenário de queimadas também é agravado nos meses de Agosto e Setembro muito pelo que ocorreu anteriormente. Analisando os gráficos comparativos para o primeiro e segundo semestres, nota-se que no primeiro semestre o número de foco de incêndio ficou acima da média para os meses de Fevereiro a Maio, com Abril atingindo o valor máximo.
Agora analisando o comportamento para o segundo semestre a condição se mantém muito semelhante com Julho e Agosto, acima da média. Setembro já está acima do mínimo, com um total de 33.901 focos em 12 dias. Se a mesma taxa se manter para o restante do mês, Setembro pode figurar entre os piores dos últimos 9 anos.
As queimadas nos biomas brasileiros
Os biomas brasileiros que mais têm sido afetados pelas queimadas são a Amazônia e o Pantanal. Com um comportamento semelhante ao ano anterior, e até mesmo pior, como nos meses de Junho e Julho, há uma forte chance de que o número de focos de incêndio supere a média para o bioma amazônico.
No entanto, o que vem chamando muita atenção e preocupando é o número absurdo de focos que o pantanal vem registrando. 2020 é o pior ano para o bioma desde 1998, sendo os meses de Março, Abril, Julho e Agosto sendo referência de valor máximo para a série histórica.
A situação é muito grave no pantanal, um cenário nunca visto no últimos 23 anos. Novamente, com a previsão de tempo seco até pelo menos o início de Outubro, o mês de Setembro pode também entrar como o pior. Informações e mais dados sobre outros biomas e sobre a distribuição por estado está disponível no portal do Programa de Queimadas.