Pesquisa revela que a poluição do ar reduz a expectativa de vida no Brasil em 8,4 meses, similar ao efeito do tabagismo
No Brasil, o país mais populoso da América Latina, 216,9 milhões de pessoas poderiam ganhar 8,4 meses de expectativa de vida se a poluição por partículas fosse reduzida para atender à diretriz da OMS.
A poluição do ar é o maior risco externo para a saúde humana no mundo, com um impacto na expectativa de vida comparável ao tabagismo, sendo mais de 4 vezes maior que o do alto consumo de álcool, mais de 5 vezes maior que o de ferimentos no trânsito, e mais de 6 vezes maior que o do HIV/AIDS.
Uma nova pesquisa comparou a qualidade do ar com os padrões estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e constatou que a poluição do ar afeta a expectativa de vida no Brasil.
Mundialmente a poluição é o maior fator prejudicial à saúde
O Air Quality Life Index (AQLI), divulgado pela Universidade de Chicago (EUA) revelou que pessoas nas áreas mais poluídas do mundo respiram ar que é 6 vezes mais poluído do que aqueles nas regiões menos poluídas. Como resultado, sua expectativa de vida é reduzida em uma média de 2,7 anos em comparação com aqueles que vivem nos lugares mais limpos.
A ameaça à saúde representada pela poluição de partículas é maior ou comparável à do suicídio e da violência em muitas partes da América do Sul. Por exemplo, na Bolívia — o país mais poluído da América Latina — seu pedágio na expectativa de vida é nove vezes maior do que o do suicídio e da violência.
No Brasil, o país mais populoso da América Latina, 216,9 milhões de pessoas poderiam ganhar 8,4 meses de expectativa de vida se a poluição por partículas fosse reduzida para atender à diretriz da OMS. O estado mais crítico é o de Rondônia, onde 1,7 milhão de habitantes estão perdendo 3,2 anos de expectativa de vida para o ar poluído.
No estado do Amazonas, os níveis de poluição são 6,4 vezes maiores que a diretriz da OMS, principalmente devido aos incêndios florestais, que durante o mês de agosto consumiu 2,5 milhões de hectares da Amazônia, segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Os incêndios são resultado do desmatamento e de queimadas ilegais para limpar terras para a agricultura e pastagem de gado.
Os impactos da poluição do ar são altamente desiguais
Mais da metade de todos os países e territórios ao redor do mundo — 158 de 252 — não têm nenhum padrão de poluição. Apenas um terço dos países que não têm padrões mostram evidências de monitoramento governamental, e menos de 1% desses países têm dados totalmente abertos. Com poucos dados, é difícil definir padrões de poluição e aplicá-los.
Para enfrentar esses desafios, o Instituto de Política Energética da Universidade de Chicago lançou o Fundo de Qualidade do Ar para apoiar grupos e organizações locais na instalação de monitores e no fornecimento de dados abertos para comunidades que mais poderiam se beneficiar.