Plano audacioso: cientistas pedem 50 bilhões de dólares para “salvar” importante geleira na Antártica
O objetivo do plano caríssimo é retardar o derretimento de uma geleira importante da Antártica, a Thwaites, conhecida também como “Geleira do Juízo Final”. Veja mais detalhes aqui.
A geleira Thwaites, localizada no oeste da Antártica, faz parte do manto de gelo da Antártica Ocidental (West Antarctic Ice Sheet - WAIS), sendo a mais larga da Terra, com 120 quilômetros. Tem aproximadamente o tamanho do estado americano da Flórida. Cientistas alertam que ela está derretendo à medida que o oceano esquenta, e isso pode causar impactos irreversíveis à humanidade; rachaduras e formações de "escadas" já estão surgindo intensamente na superfície do gelo.
A geleira contribui atualmente com cerca de 4% do aumento anual do nível do mar, com a perda de cerca de 595 bilhões de toneladas de gelo, e tem potencial para contribuir significativamente mais. Se ela derretesse totalmente, aumentaria o nível do mar em mais de 60 centímetros.
Cientistas alertam também que, sem ações imediatas, a Thwaites pode passar por um ponto de não retorno, com consequências devastadoras para o planeta. Levando isso em consideração, eles pedem 50 bilhões de dólares em um plano ambicioso para retardar o seu derretimento.
Como seria o plano?
O projeto envolve a instalação de cortinas subaquáticas gigantescas de 100 quilômetros de comprimento, que bloqueariam o fluxo de água quente do mar, que, segundo os cientistas, é o principal fator que contribui para o derretimento da geleira.
Essas cortinas, que seriam colocadas no fundo do Mar de Amundsen, atuariam como uma barreira entre a água quente e a base da Thwaites, retardando o seu derretimento. Assim, daria mais tempo para que a plataforma de gelo voltasse a engrossar, e para que medidas mais amplas de combate às mudanças climáticas sejam implementadas.
Quem está à frente desse plano é o glaciologista e pesquisador de geoengenharia da Universidade da Lapônia, John Moore, que agora busca financiamento internacional para dar início ao projeto de fato. E em relação ao alto valor, os cientistas argumentam que “o custo de não agir seria muito maior, tanto financeiramente quanto em termos de impacto humano e ecológico”.
“Parece muito, mas compare o risco: espera-se que o custo da proteção do nível do mar em todo o mundo, apenas das defesas costeiras, seja de cerca de 50 bilhões de dólares por ano por metro de aumento do nível do mar”, disse Moore.
Este esforço dos pesquisadores ressalta a importância da colaboração global e da inovação tecnológica na solução de problemas ambientais, e será um marco no combate contra as mudanças climáticas.
Testes com protótipo
No momento, as cortinas estão em fase de testes com protótipos em pequena escala. Moore e colegas estão testando uma versão dessa tecnologia com 90 centímetros de comprimento dentro de tanques. Se for comprovada a sua funcionalidade, eles vão testá-la em um rio.
E após isso, se os testes forem bem-sucedidos, o próximo passo seria instalar uma cortina de cerca de 10 metros de comprimento em um fiorde na Noruega nos próximos dois anos, antes de partir para a instalação propriamente dita na geleira.
Moore e seus colegas acreditam que o momento de intervenção é agora. Porém, outros pesquisadores discordam, argumentando que a redução das emissões de carbono é a única forma viável de retardar o derretimento glacial.
Referência da notícia:
Business Insider: Scientists want to build 62-mile-long curtains around the 'doomsday glacier' for a $50 billion Hail Mary to save it. 2024.