Poluição do ar: novos dados obtidos de navios
Novos estudos analisaram dados sobre emissões de navios para quantificar o efeito climático das emissões humanas de aerossóis em geral. E a poluição do ar pode ter um efeito maior no clima do que se esperava.
A poluição do ar é a principal causa ambiental de doenças e morte prematura no mundo. Idosos, crianças e moradores da periferia, são as mais afetadas e as menos propensas a lidar com os impactos na saúde decorrentes da poluição do ar.
As partículas finas de poluição do ar ou aerossóis, são responsáveis por 6,4 milhões de mortes todos os anos, causadas por doenças como acidente vascular cerebral, câncer de pulmão, doença pulmonar crônica, pneumonia, doença isquêmica do coração e entre outras enfermidades.
As emissões de aerossóis causadas pelos humanos, têm um efeito de resfriamento no planeta, porque podem tornar as nuvens mais reflectivas, fornecendo núcleos de condensação nos quais as gotículas de nuvens se formam. Nuvens mais brilhantes refletem a luz solar, desviando-a da superfície da Terra.
Porém, atualmente não está claro quão grande é esse efeito de resfriamento, principalmente se a mudança do brilho da nuvem não puder ser vista em imagens de satélite, através do poder reflectivo do topo da nuvem. Isso pode ocorrer quando as emissões são difusas, como por exemplo, no trânsito de uma cidade ou quando há ventos intensos que as dispersam.
Para investigar isso, a equipe de pesquisa analisou dados sobre emissões de navios como um sistema modelo, para quantificar o efeito climático das emissões humanas de aerossóis em geral. Quando um navio passa por baixo de uma nuvem, suas emissões de aerossol iluminam a nuvem em uma longa linha, algo semelhante a um rastro, entretanto, a grande maioria dos navios não deixa rastros visíveis.
A importância dos rastros de nuvens causados por navios
Este foi o primeiro estudo a fornecer uma medida quantitativa do impacto de trilhas invisíveis de navios nas propriedades das nuvens, e portanto, seu efeito de resfriamento.
Os rastros invisíveis dos navios mostraram um aumento menor no número de gotículas nas nuvens, mas a quantidade de água aumentou mais, em comparação com o efeito dos rastros visíveis. Isto implica na determinação do aumento de gotas, ou seja, o aumento de água é maior do que se pensava, equivalente a um maior efeito de resfriamento.
O estudo de diversos locais em dados de satélite, permitiu medir o número de gotículas e a quantidade de água nas nuvens poluídas e não poluídas. É importante ressaltar que esse método não depende de as emissões do navio serem visíveis nas imagens de satélite.
O impacto da poluição do ar na saúde humana
De acordo com o estudo, os resultados indicam que as políticas de saúde humana para reduzir a poluição do ar devem ser cuidadosamente consideradas ao prever cenários futuros de mudanças climáticas.
Pesquisas indicam que as nanopartículas de poluição e os produtos químicos tóxicos ligados a elas podem entrar no corpo por várias vias (não apenas pelos pulmões), são captados pela corrente sanguínea e distribuídos sistemicamente. E a contaminação está presente até nas crianças. Estudos relacionados estabeleceram que quanto mais as crianças são expostas à poluição do ar, mais anormalidades elas têm na anatomia do cérebro.
O professor Philip Stier, coautor do estudo publicado na Nature, afirmou que essas técnicas mostram o valor de combinar novas abordagens de ciência de dados com a enorme quantidade de dados observacionais da Terra agora disponíveis. Eles nos permitirão transformar a análise de processos climáticos em observações da Terra de estudos de caso para monitoramento global, fornecendo restrições observacionais inteiramente novas em nossa compreensão do sistema climático e de futuros modelos climáticos.