Prejuízo bilionário no agronegócio: com forte El Niño e chuvas em excesso, danos aumentam no Sul do Brasil

Produtores rurais no Sul do Brasil seguem contabilizando os danos e prejuízos causados pela chuva em excesso. Safra atual já soma cerca de 2 bilhões de reais em prejuízos.

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Excesso de chuva no Sul do Brasil continua provocando danos e prejuízos bilionários na agricutlura.

O El Niño continua forte e um dos resultados disso é a chuva em excesso no Sul do Brasil. As enchentes já provocaram muitos danos, perdas irreversíveis, já deixaram milhares de pessoas desalojadas e desabrigadas, já provocaram inclusive mortes. Por onde passam, as inundações deixam rastros de perdas que muitas vezes são incalculáveis, mas algumas são, como no agronegócio, e os prejuízos são bilionários.

A chuva excessiva tem atingido os três estados, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, e de modo geral, danos e prejuízos estão sendo registrados em diferentes lavouras, algo que tem tornado a safra atual uma grande incógnita, afinal, a produtividade já está bem afetada, isso sem falar dos custos que triplicaram por conta de replantios realizados.

Santa Catarina, por exemplo, já tem uma estimativa do prejuízo provocado pelas chuvas intensas, cerca de R$ 2 bilhões na agricultura. Segundo o secretário de agricultura Valdir Colatto, com a chuva intensa do último fim de semana, houve deslizamentos de terra e alagamentos, então esse valor bilionário pode ser ainda maior e ainda está sendo computado. Até o momento, sabe-se que as culturas mais afetadas pelas chuvas foram soja, milho e feijão.

Os danos na agricultura de Santa Catarina

Além das grandes commodities como soja e milho, outras lavouras também estão sendo duramente afetadas pelo fenômeno El Niño em Santa Catarina. Enori Barbieri, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), analisa que produções de fumo, arroz e maçã também foram prejudicadas pelas enchentes.

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Áreas de arroz irrigado e de pastagens ficaram alagadas na região Norte de Santa Catarina — Foto: Epagri

Nesta última terça-feira (21) saiu o boletim Hortigranjeiro em responsabilidade da Companhia Nacional de Abastecimento (CNA), ao qual fez um indicativo sobre o aumento no preço já da comercialização da cebola, algo que não atinge apenas o estado de Santa Catarina, mas esse reajuste vai para a mesa de famílias de outros estados também. O valor da hortaliça teve um aumento de quase 83% na Ceasa/AC, de 62,26% na Ceasa/RJ, 56,49% na Ceasa/GO e de quase 50% na Ceasa/ES e na Ceasa/PR.

A chuva eliminou o cultivo de hortaliças em Santa Catarina, obrigando o estado a importar produtos do Rio de Janeiro. A perda estimada é de R$ 50 milhões segundo a Secretaria da Agricultura.

A produção de leite no estado catarinense também foi duramente afetada e os prejuízos já somam mais de R$ 20 milhões, pois com os desabamentos e estradas totalmente intrafegáveis, não é possível fazer o escoamento do produto, que acaba sendo perdido nas fazendas. Além disso, muitos animais estão morrendo, o que gera uma maior proliferação de fungos nas plantações.

Levantamento de danos no Paraná

O estado do Paraná tem sido afetado de maneira diferente pelas chuvas dos últimos meses. As regiões mais afetadas pelo excesso de umidade são o sudoeste, o centro-sul e os Campos Gerais. Inclusive, o mais notório é o excesso de umidade dificultando o término da semeadura da soja. A cultura tem apresentado um comportamento atípico com aceleração do desenvolvimento.

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O preço da cebola já está subindo em vários estados brasileiros por conta das enchentes no Sul.

A chuva ganhou intensidade no Paraná desde a segunda quinzena de outubro, o que tem gerado impactos não somente na safra verão 23/24, mas gerou prejuízos também nas próprias culturas de inverno como trigo, cevada e aveia, que chegaram a registrar uma redução expressiva tanto em quantidade como em qualidade na produção, segundo informações da técnica do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema Faep/Senar do Paraná, Ana Paula Howalski.

Além das culturas já mencionadas, Howalski comenta sobre os danos gerados no milho primeira safra que está sofrendo com a falta de luminosidade, em que o tempo muito nublado, mesmo que não chuvoso, é desfavorável ao desenvolvimento das plantas.

Rio Grande do Sul continua registrando danos e prejuízos

O Rio Grande do Sul tem sido o mais afetado de todos devido ao excesso de umidade. As chuvas muito frequentes e intensas provocadas pelo El Niño estão atingindo duramente o estado gaúcho, o que tem aumentado os danos e prejuízos nas cidades e no campo. O plantio da soja está atrasado, muitas lavouras passaram pelo replantio, o que aumentam os custos de produção. As inundações também tem gerado forte impacto sobre o plantio do arroz no Rio Grande do Sul. Cerca de 82% da área foi semeada e os preços continuam subindo.

A serra gaúcha foi duramente afetada pelas últimas chuvas, algo que gerou inundações e desabamentos. A situação é crítica, cidades decretaram situação de emergência, e os prejuízos na agricultura são milionários, como por exemplo em Flores da Cunha, que divulgou na última quarta-feira (22) um boletim estimando uma perda de R$ 70 milhões no agronegócio.

Segundo informações da Secretaria de Agricultura, em parceria com a Emater e o Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares, a área atingida em Flores da Cunha foi superior a 5 mil hectares, com uma perda estimada em 30% da área total cultivada.