Prejuízos bilionários com quebra de safra devido ao clima extremo
Condições adversas e extremas do clima provocaram prejuízos bilionários no campo com quebra de safra. Com a menor produtividade, faltam alimentos e sobra aumento no preço.
Há meses o produtor rural enfrenta condições adversas do tempo e do clima no campo, situação que trouxe diminuição na produtividade de diversas culturas como soja, arroz, milho e feijão. Com a falta de chuva regular e bem distribuída, além das altas temperaturas, a quebra na safra foi inevitável.
O pior cenário vem sendo registrado em áreas mais ao sul do Brasil, o que leva em consideração os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. De modo geral, os quatro estados, que são grandes potências agrícolas no país, enfrentaram uma primavera mais seca e seguem com anomalias negativas de precipitação neste verão.
As condições adversas do tempo não comprometeram a produtividade das lavouras apenas nos últimos meses, a situação ainda segue bastante crítica e o prejuízo pode ser maior, afetando não somente a safra atual, mas a próxima também.
Durante esta primeira quinzena de fevereiro, pouca chuva foi registrada entre o estado gaúcho e o estado sul-matogrossense. Para se ter ideia, os acumulados até 15 de fevereiro, mal haviam ultrapassado os 50 milímetros nessas áreas produtoras.
Prejuízos no agro
Com a estiagem prolongada e a situação crítica do solo em importantes áreas produtoras, o inevitável aconteceu mais uma vez, a quebra da safra. Nos últimos meses, os estados da região Sul, além do estado de Mato Grosso do Sul, receberam pouca chuva, o que ocasionou uma quebra de 25,2 milhões de toneladas na produção de grãos segundo estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Com a diminuição da produtividade em lavouras de soja, arroz, milho e feijão, a conta do prejuízo começou a chegar, desde ao produtor rural até o prato do brasileiro e aos índices de inflação no país.
O prejuízo de uma safra é tamanho e demora a ser revertido. No último mês, a alta dos alimentos representou sozinha 43% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ou seja, 0,54% na medida oficial da inflação. O brasileiro sente na hora da compra, onde no mês de janeiro, o valor da cesta básica teve um aumento registrado em 16 de 17 capitais, segundo o levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
A conta será alta
Com base na projeção mais recente de safra da Conab e em dados fornecidos pelas federações estaduais de agricultura, a CNA estima que o maior prejuízo será relatado na soja, será a cultura que mais sentirá o impacto da seca, com uma perda de 19 milhões de toneladas entre Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.
Depois da soja, o milho com uma quebra de 5,2 milhões de toneladas, o arroz com quase um milhão de toneladas e o feijão com 125 mil toneladas. Vale ressaltar, inclusive, que no estado gaúcho, mesmo com o arroz irrigado, o cultivo depende da água dos rios que estão sendo afetados pela falta de chuva.
Os prejuízos não param na lavoura
Além dos prejuízos somados pelo produtor e da alta nos alimentos na mesa do brasileiro, a quebra da safra afeta muitos outros setores no país, como um efeito cascata.
O aumento desenfreado das cotações do milho, da soja e também do farelo, certamente serão responsáveis pelo aumento nos preços ao consumidor das carnes de suínos e aves, além do leite nesses próximos meses, pois são insumos bases para a criação dos animais, segundo André Braz, coordenador de índices de preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Que o clima influencia diretamente no campo não há dúvidas, a cada ano que passa, as safras ficam mais sujeitas as condições adversas dos oceanos e da atmosfera. O que chama a atenção é que o efeito dos eventos climáticos extremos pode ser ainda pior, o prejuízo pode ser incalculável, isso porque os fenômenos tendem a se tornar cada vez mais frequentes.
Secas prolongadas, ondas de calor extremo, e por outro lado, chuvas em excesso, tudo tem ficado cada vez mais intenso por conta das mudanças climáticas e do aquecimento global.