Prevê-se que os incêndios florestais aumentem em 50% até 2100

Os incêndios florestais estão a tornar-se mais intensos e mais frequentes, devastando comunidades e ecossistemas no seu caminho. De acordo com um estudo recente, prevê-se que aumentem até 50% dentro dos próximos 80 anos.

Incêndio florestal
Ao longo do século prevê-se um aumento da frequência e dos efeitos devastadores dos incêndios florestais.

Nos últimos anos, têm-se registado épocas recorde de incêndios em todo o mundo, desde a Austrália até ao Ártico.

Relatório sobre a ameaça crescente dos incêndios

O último relatório divulgado pela UNEP e GRID-Arendal, conclui que as alterações climáticas e a alteração do uso do solo estão a tornar os incêndios cada vez mais devastadores e antecipa um aumento global de incêndios extremos, mesmo em áreas anteriormente não afetadas. Este relatório tem por objetivo sensibilizar os governantes para a problemática dos incêndios florestais e apela aos governos para que aumentem os seus investimentos na prevenção e preparação.

A UNEP está a fazer um apelo urgente aos governos para repensarem a sua abordagem aos incêndios extremos e para reconhecerem o importante papel da restauração do ecossistema. É possível minimizar o risco de incêndios extremos se existir uma melhor preparação do ecossistema no local após o rescaldo de um incêndio ou mesmo antes que ocorra qualquer incêndio no local.

De acordo com o relatório, os incêndios extremos irão aumentar até 14% até 2030, 30% até ao final de 2050 e 50% até ao final do século.

Embora os incêndios na paisagem sejam um processo natural e, em alguns casos, necessários para um ecossistema saudável, este relatório centra-se nos incêndios de grandes dimensões e invulgares (referidos como "incêndios selvagens"), mas é a mudança no padrão destes incêndios que está causando maior preocupação.

Os incêndios e as alterações climáticas

Os incêndios são agravados pelas alterações climáticas através do aumento da seca, altas temperaturas do ar, baixa humidade relativa, raios e ventos fortes.

Ao mesmo tempo, as alterações climáticas são agravadas pelos incêndios, na medida em que estes devastam ecossistemas sensíveis, como as florestas que, sendo sumidouros de carbono da atmosfera, contribuem para travar o aumento da temperatura.

Floresta
As florestas são sumidouros de carbono da atmosfera, contribuindo para travar o aumento da temperatura.

Outro aspeto em que os incêndios florestais influenciam o sistema climático tem a ver com a alteração do albedo da superfície, bem como a libertação de gases com efeito de estufa, como o dióxido de carbono e os aerossóis.

Com as temperaturas globais aumentando, a necessidade de reduzir o risco de incêndios florestais é mais crítica do que nunca.

Segundo o relatório atrás referido, prevê que alguns dos maiores aumentos da frequência dos incêndios sejam em áreas não habituadas a ter incêndios florestais, tais como o Ártico e a Europa Central. As áreas de floresta tropical na Indonésia e na Amazónia meridional são também suscetíveis de assistir a um aumento, se as emissões de gases com efeito de estufa continuarem ao seu ritmo atual.

Emissão de gases com efeito de estufa
A emissão de gases com efeito de estufa para a atmosfera, que se tem vindo a assistir há anos, contribui para um aumento da frequência e intensidade dos incêndios florestais.

Mesmo que os gases com efeito de estufa sejam reduzidos, o mais provável é haver um aumento substancial dos incêndios florestais em todo o mundo, adverte o relatório que tem a contribuição de muitos cientistas.

Os incêndios e a vida animal

O relatório alerta também para um impacto irreversível provocado pelos incêndios. A vida selvagem e os seus habitats naturais raramente são poupados aos incêndios, o que pode levar algumas espécies animais e vegetais a caminho da extinção. Um exemplo recente são os incêndios florestais australianos de 2020, que se estima terem exterminado milhares de milhões de animais domésticos e selvagens.