Previsão: buraco na camada de ozônio pode se abrir na primeira quinzena de agosto
O buraco na camada de ozônio estaria prestes a se abrir. O modelo ECMWF antecipa que isso pode ocorrer ainda nesta semana. Mas isto é algo anômalo para a época? Saiba aqui.
O monitoramento da camada de ozônio feito pelo programa Copernicus, do Centro Europeu de Previsões de Médio Prazo (ECMWF), prevê um aumento abrupto do tamanho do buraco na camada de ozônio da Antártica nos próximos dias.
Segundo dados divulgados pelo Copernicus em seu site, o buraco na camada de ozônio chegaria a quase 5 milhões de quilômetros quadrados nos primeiros 10 dias deste mês. Em geral, a média dos dados indica que essa área é atingida na segunda quinzena de agosto e nos primeiros dias de setembro.
O Dr. Raúl Cordero, acadêmico da Universidade de Santiago do Chile (Usach), climatologista e especialista em radiação solar e ozônio estratosférico, ressalta que não é incomum o fato de o buraco na camada de ozônio se abrir na primeira quinzena do mês, e que “as baixas temperaturas esperadas na estratosfera estariam provocando maior destruição de ozônio” nessa época, explica ele.
O buraco na camada de ozônio tende a aumentar de tamanho nos meses de agosto a outubro, com um máximo que é atingido entre meados de setembro e meados de outubro, segundo o Copernicus. A área coberta pelo referido buraco é calculada considerando a superfície com espessura total de ozônio abaixo de 220 UD, ao sul de 60º de latitude sul.
Nuvens estratosféricas polares e buraco na camada de ozônio
O decaimento — ou redução — do ozônio na estratosfera está diretamente relacionada à temperatura dessa camada da atmosfera. E o que as nuvens estratosféricas polares têm a ver com tudo isso? Bem, esse tipo de nuvem só se forma quando há temperaturas abaixo de -78ºC e também desempenham um papel importante na destruição química do ozônio, segundo o Copernicus.
A presença de nuvens estratosféricas polares faz com que alguns compostos não reativos presentes se tornem reativos na presença dos cristais de gelo que as formam. Esses compostos, ao interagir com a luz solar, destroem o ozônio por meio de reações fotoquímicas.
O aumento gradual da radiação solar que atinge o hemisfério sul, a partir do final do inverno, e a presença de nuvens estratosféricas polares são as principais razões pelas quais o buraco na camada de ozônio reaparece a partir de agosto e dura até dezembro.
Nos últimos dias de julho, esse tipo de nuvem foi captado em imagens nos céus de Punta Arenas, no sul do Chile, indicando a presença de cristais de gelo na estratosfera.
As pessoas poderiam ser afetadas por um potencial aumento da radiação solar?
Conforme explica o Dr. Cordero, o fato de o buraco na camada de ozônio se abrir nesta época do ano não é um sinal de preocupação diante de um possível aumento dos índices de radiação solar em cidades do extremo sul da América do Sul, ou mesmo da Península Antártica. A inclinação com que chegam os raios solares, naquela parte do continente, não permite grandes variações dos índices de UV durante o final do inverno austral.
No entanto, a preocupação é com a possível duração ou prolongamento para os meses de verão do buraco na camada de ozônio, período em que os raios solares incidem de forma mais perpendicular e os índices de UV podem atingir valores extremos.